Lula precisa de apenas 30% de votos de Tebet e Ciro para vencer

O deputado federal eleito Guilherme Boulos (Psol) avaliou os sinais dados pelo eleitorado de direita e de esquerda, nesta eleição.

30.04.2022 - Ex-presidente Lula participa da Conferência Eleitoral do PSOL em São Paulo. Guilherme Boulos participou do encontro. Foto: Ricardo Stuckert

O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e deputado federal eleito por São Paulo, Guilherme Boulos (Psol) avaliou positivamente a votação de Luis Inácio Lula da Silva no primeiro turno, após participar da primeira reunião de coordenação da campanha da Frente Brasil da Esperança do segundo turno.

Ele pondera que Lula ganhou a eleição, com seis milhões de votos, uma margem muito significativa aberta sobre Bolsonaro. De acordo com seu cálculo, Bolsonaro precisa de quase 70% dos votos de Simone Tebet (MDB) e de Ciro Gomes (PDT) para encostar em Lula. “Lula precisa apenas de 30% desses votos para liquidar a fatura e ganhar a eleição. Não podemos tratar uma vitória política do Lula como se fosse uma derrota”, defendeu. 

“Quem tem motivo, neste momento, para estar angustiado, preocupado e desesperado, não é quem está nessa reunião, mas esta turma que está no Palácio do Planalto. Porque já houve uma migração de voto útil da direita para Bolsonaro”, afirmou. 

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Boulos acredita na tendência das demais candidaturas declararem apoio a Lula, antes de saber do anúncio de apoio do PDT e do próprio Ciro Gomes. Ele antecipou que a campanha vai dialogar com o eleitor que optou pela abstenção, que foi recorde, pelo voto nulo e que votou em Simone Tebet e no Ciro Gomes.

“Vamos ter que dialogar com este eleitorado de forma muito humilde e democrática para demonstrar os riscos que o país corre, caso Jair Bolsonaro se reeleja. O que está em jogo não são dois candidatos, dois projetos, mas a democracia contra a barbárie”, apostou ele. 

Congresso e orçamento secreto

Boulos também foi ponderado em torno do avanço do PL no Congresso e a eleição de figuras ligadas ao bolsonarismo. “Não é novidade ter uma força conservadora no Congresso Nacional. Mesmo com a vitória da esquerda para a Presidência, nunca chegou perto de ter maioria”, lembrou. 

“Tem um lógica clientelista de eleição, que é onde o centrão se cria e se reproduz, numa relação de troca viciada com setores do eleitorado”, analisou. 

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Da mesma forma que houve uma eleição significativa de bolsonaristas, ele destacou os símbolos “do lado de cá” que devem ser notados, como a eleição de mulheres trans, negras e indígenas. “Tem sopros e sinais de renovação”. 

A grande batalha no Congresso, com o presidente Lula eleito, em sua opinião, vai ser acabar com o orçamento secreto, o principal mecanismo clientelista desta eleição. “Essa excrescência está levando os recursos da União para projetos locais e clientelistas, muitas vezes, com esquemas de desvio, em vez das prioridades nacionais”. 

Ele não acredita que este mecanismo de orçamento seja necessário para o diálogo com os parlamentares. “Temos Centrão há muito tempo no Brasil, mas isso [orçamento secreto] só tem dois anos”, afirmou.

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