Lula critica Bolsonaro por mentiras envolvendo evangélicos e ataques a nordestinos

Em Belford Roxo, ex-presidente também questiona rachadinhas e compra de casas com dinheiro vivo por família Bolsonaro, rechaça disseminação de ódio e armas e defende investimentos em educação

Foto: Ricardo Stuckert

Em ato realizado na noite desta terça-feira (11) em Belford Roxo (RJ), o ex-presidente Lula (PT) reagiu aos ataques e mentiras de cunho religioso que vêm sendo propagadas pela campanha de Jair Bolsonaro (PL), que tenta ampliar a rejeição do eleitorado evangélico ao petista. Lula também reagiu às ofensas feitas pelo atual presidente aos nordestinos, lembrou dos escândalos envolvendo a família Bolsonaro e voltou a defender mais investimentos em educação e na melhoria da vida do povo. O ato foi precedido de caminhada pela cidade da Baixada Fluminense. 

“Para os mentirosos que utilizam Deus para contar mentiras, eles estão cometendo um pecado porque eles sabem que quem regulamentou a liberdade da religião neste país fui eu em 2003. Eles sabem que quem criou a Marcha para Jesus fui eu. Eles sabem que se teve alguém que respeitou os evangélicos, fomos nós. Então, não mintam, porque Deus está vendo. Não existe espaço neste mundo civilizatório para quem mente”, disse Lula. 

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Ao abrir o evento ao lado do prefeito Waguinho (União Brasil), que anunciou seu apoio a Lula nesta segunda-feira (10), o ex-presidente falou sobre os ataques de Bolsonaro ao povo nordestino. “O presidente ignorante que temos disse que eu ganhava no Nordeste porque o povo é analfabeto, dando uma demonstração inequívoca de que não conhece o Brasil, o Nordeste e a alma do povo nordestino. Esse cidadão não tem a menor noção do que o Nordeste brasileiro significa na construção desse país. Ele não tem a menor noção da força da cultura nordestina. Quem tiver uma gota de sangue nordestino correndo nas veias não pode votar nesse cidadão para a presidência da República”. 

Lula também criticou a falta de diálogo de Bolsonaro com sindicalistas, prefeitos, governadores, movimentos sociais e com representantes da ciência ao longo do mandato e em especial durante a pandemia. “Bolsonaro não teve a coragem de visitar um familiar de uma das 680 mil que morreram de Covid aqui. Não teve coragem de derramar uma lágrima por uma senhora, criança ou homem que morreu de Covid. Quando digo que ele é genocida é porque ele tem que carregar nas costas, para o resto da vida dele, a responsabilidade de que ao menos metade dos que morreram se deve ao negligenciamento dele no tratamento da Covid, na compra das vacinas e no respeito aos institutos e à ciência brasileira”. 

Lula e o prefeito Waguinho. Foto: Ricardo Stuckert

Lula disse ainda que voltará a “ser presidente para provar que um torneiro mecânico sabe governar melhor do que os ricos que governaram por 500 anos”. E dirigindo-se ao público feminino, destacou: “Uma mulher quer ter uma casa para morar, quer ter oportunidade de trabalhar e receber salário igual do homem. Quer ter direito de comprar roupa, café, almoço e janta para seus filhos”. 

Sobre educação, ressaltou: “queremos ter o direito de estudar; o povo não quer ser apenas pedreiro, mas também engenheiro, médico, advogado. Quem disse que a gente é pobre porque a gente quer? Não nascemos para sermos pobres e queremos oportunidades”. 

Lula lembrou ainda que no governo Bolsonaro o salário mínimo não aumenta há quatro anos, assim como a merenda escolar. E defendeu que fará mais investimentos em educação, em escolas técnicas, institutos federais e universidades. “Porque o Brasil não quer ser eternamente exportador somente de soja, de milho ou de minério de ferro. A gente quer ser exportador de conhecimento, de inteligência e para isso é preciso investimento em educação”. 

Lula também criticou o fato de o país ser o maior produtor de proteína animal do mundo e ao mesmo tempo ter milhões de pessoas passando fome e pegando osso para levar para a casa. O ex-presidente ainda lamentou o fato de Bolsonaro disseminar ódio e valorizar a compra de armas de fogo. “A gente não quer um país que venda arma, a gente quer um país que distribua livros”. Ele também questionou porque Bolsonaro “não presta conta das rachadinhas da Assembleia Legislativa” e questionou a compra de 51 imóveis com dinheiro vivo pela família Bolsonaro.