Dia do Evangélico: como neopentecostais viraram força política?

Em diversas cidades e no Distrito Federal é feriado nesta quarta-feira (30); a lei 12.328, que institui o Dia Nacional do Evangélico foi sancionada por Lula (PT), em 2010.

Rovena Rosa/Agencia Brasil.

O Dia Nacional do Evangélico é comemorado nesta quarta-feira, 30 de novembro, data estabelecida pela lei 12.328, sancionada por Lula (PT), em 2010.

No Distrito Federal e em diversas cidades é feriado, estabelecido por leis estaduais ou municipais. No estado de Alagoas também é feriado, mas este foi antecipado para segunda-feira (28). Outros estados celebram a religião em outros dias.

Em entrevista ao G1, o professor de sociologia da religião da UNB, Eurico Antônio Gonzalez Cursino dos Santos, e o professor de Teologia da Universidade Católica de Brasília, Gidalti Guedes da Silva, traçaram o histórico da religião até se tornar uma força política no Brasil.

Conforme explica Eurico Antônio, os evangélicos de hoje advêm do protestantismo europeu do século XVI, sendo que os pentecostais vieram por missões da Assembleia de Deus e da Congregação Cristã do Brasil já nos séculos XIX e XX, voltados para atuação junto aos mais pobres. Nos anos 70, o neopentecostalismo ganhou força tendo como característica a verve emocional. As grandes igrejas que existem hoje, como a Universal, surgiram no final da década.

Segundo o professor Gidalti, com o neopentecostalismo, já nas décadas de 80 e 90, a prosperidade financeira também se tornou um dos pilares e a religião ganhou relevo nas periferias urbanas das cidades.

É importante ressaltar, como destacaram os pesquisadores, que os protestantes não pentecostais, os primeiros a virem para o Brasil, continuaram se desenvolvendo durante todo o tempo no país, porém com menor expressividade.

Sobre o envolvimento dos evangélicos na política, Eurico Antônio entende que o movimento se deu ao longo das décadas como forma de manter os valores cultivados dentro da igreja e reivindicar atenção para as suas pautas. Nesse ponto, houve mais identificação com valores conversadores encontrados na sociedade. A massa de evangélicos, dessa forma, tem buscado ascender ao poder dentro da democracia, mas ao acessarem certas instâncias de poder, se deparam com a necessidade de a política ser inclusiva, pois não se exclui outros credos.

Na análise de Gidalti, é explicado que nem todas as igrejas evangélicas têm agregado a ideologia política ao seu discurso, mas as que tem feito isto estão alinhadas com o crescimento do conservadorismo dentro de uma ideia de moralidade cristã. Com isso, ele observa que muitas denominações têm flertado com atitudes antidemocráticas, com imposições sobre a coletividade. No entanto, pondera, que nem todas igrejas e líderes misturam as coisas, sendo o ideal que a religião não seja instrumentalizada por política partidária.

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