Lula anuncia Mercadante presidente do BNDES “para pensar em desenvolvimento”

Lula diz que ex-ministro foi escolhido para coordenar projeto de desenvolvimento, reindustrialização, investir em ciência e tecnologia e financiar o empreendedor.

O novo presidente do BNDES, Aloízio Mercadante.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou nesta terça-feira (13) que o ex-ministro da Educação e da Casa Civil Aloizio Mercadante será o próximo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Presidente da Fundação Perseu Abramo, ele coordenou a formulação do programa de governo da campanha eleitoral e também coordenou os grupos de trabalho da transição.

Lula fez o anúncio durante evento que marcou o fim dos trabalhos da equipe de transição governamental, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. “Eu, Aloizio Mercadante, vi algumas críticas sobre você, sobre boatos que você vai ser presidente do BNDES. Eu quero dizer para vocês que não é mais boato, Aloizio Mercadante será presidente do BNDES”, afirmou Lula.

Após quatro anos de degradação e timidez das relações internacionais do governo brasileiro, o presidente eleito diz que “acabou o complexo de vira-lata”. “Queremos dizer para o mundo todo que quem quiser vir pra cá, venham que tem trabalho, tem projeto novo para investir. Só não venham comprar nossas empresas públicas, porque elas não estão a venda. O nosso país vai começar a ser respeitado com soberania”, afirmou.

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Perda de protagonismo

Criado em 1952, o BNDES é público e vinculada ao Ministério da Economia. A instituição é um instrumento do governo para financiamentos de longo prazo a grande sobras de infraestrutura, formulação e financiamento de cadeias produtivas e investimentos em diversos setores produtivos. Durante a campanha, Lula enfatizou que o banco vai ter um direcionamento renovado para investimento em pequenos e médios empresários. 

De gigante indutor de investimentos no país, nos últimos anos, o BNDES encolheu e reduziu seu protagonismo no financiamento de grandes projetos e de grandes empresas. O banco reduziu empréstimos, vendeu parte de sua carteira de ações em estatais e vem sendo obrigado a devolver capital ao Tesouro Nacional. Paulo Guedes, ministro da Economia de Jair Bolsonaro (PL), chegou a falar em fechar o banco.

Ao anunciar o novo gestor do banco estatal, Lula falou dos boatos e críticas vindos do mercado financeiro. No início da semana, a Ibovespa reagiu aos rumores, por considerar que Mercadante seja um economista desenvolvimentista, o que implica em expansão do gasto público. Ao mercado, interessa a contenção fiscal para pagamento dos serviços da dívida pública. 

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Devido a isso, Lula fez questão de pontuar o caráter desenvolvimentista de seu governo, assim como sua intenção de fortalecer as empresas estatais. “Vão acabar as privatizações nesse país. Já privatizaram quase tudo. Vai acabar e vamos provar que as empresas públicas vão poder mostrar sua rentabilidade”, enfatizou. 

“Nós estamos precisando de alguém que pensa em desenvolvimento, reindustrializar esse país, alguém que pense em inovação e tecnologia, na geração de financiamento ao pequeno, grande e médio empresario, e voltar a gerar emprego”, disse, referindo-se a Mercadante. 

Ao glorioso mercado

Lula mandou um recado direto ao mercado financeiro ao sugerir que seus governos foram onde os empresários mais ganharam dinheiro. “Ao glorioso mercado, – que parece invisível -, ao tentarem julgar o que estamos fazendo, digam se algum momento da vida do mercado brasileiro ganharam tanto dinheiro como em 2003-2010, quando eu presidi esse país”, disse, citando ainda os lucros do agronegócio, empresários da indústria e banqueiros. 

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“Mas pergunta também aos bancários, comerciários, aos que ganham salário mínimo, porque provamos que é possível governar para todos de verdade. Governar para todos de verdade significa que o crescimento do PIB não é um número para usar em manchete de jornal, só tem sentido se a gente distribuir o crescimento com aqueles que produziram crescimento, que é o povo trabalhador desse país”, acrescentou.

Com o objetivo de retomar a credibilidade financeira internacional do país, Lula disse que vai começar a viajar logo que tomar posse. “É preciso recuperar o prestígio que o Brasil tinha nos EUA, noa China, na Alemanha, na Argentina, em qualquer pate do mundo. Quem quiser ganhar dinheiro venha para esse país, investir seu dinheiro que tem espaço para todo mundo”, disse, reafirmando, no entanto, que não haverá espaço para o mercado financeiro na compra de estatais.