PF apura pagamento de contas de Michelle por fornecedora do governo Bolsonaro

Investigação aponta que militar recebia de empresa que prestava serviço à Codevasf e sacava para pagar despesas da ex-primeira-dama

Foto: Isac Nóbrega/PR

Mais um caso de desvio de dinheiro público envolvendo a família Bolsonaro  veio à tona com a divulgação de informações obtidas junto à Polícia Federal. A suspeita é de que uma empresa com contratos com o governo do então presidente Jair Bolsonaro (PL) teria feito transferências para um militar da Ajudância de Ordens da Presidência para pagar despesas da primeira-dama Michelle Bolsonaro. 

De acordo com informações publicadas pelo UOL tendo como base apurações da PF, a empresa Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção — que tinha contratos com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), estatal que já foi objeto de investigações por corrupção no governo Bolsonaro —, seria a origem de depósitos de pelo menos R$ 25 mil feitos na conta bancária do militar Luís Marcos dos Reis. Ele trabalhava sob o comando de Mauro Cid, o então ajudante de ordens de Bolsonaro, também envolvido com a fraude no cartão de vacina do ex-presidente. 


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Segundo apurado, Reis recebia esses depósitos e sacava em dinheiro para pagar despesas de Michelle, entre elas, a fatura de cartão de crédito usado por ela e que estava em nome de uma amiga da ex-primeira dama, Rosimary Cardoso Cordeiro, à época assessora do senador Roberto Rocha (PTB-MA). Desde ao menos junho de 2021, ela recebia depósitos em espécie. O caso do cartão da amiga usado por Michelle foi tornado público em matéria do portal Metrópoles em fevereiro 2022. 

Além disso, o dinheiro sacado por Reis também foi usado para fazer ao menos 12 depósitos na conta de uma tia de Michelle. Os pagamentos foram feitos até pelo menos julho de 2022. As informações vieram à tona com a quebra do sigilos bancários de auxiliares de Mauro Cid. 

Conforme informou a reportagem, “quando autorizou a quebra de sigilo de subordinados de Cid, ainda no ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou que o caso tinha indícios de ‘desvio de dinheiro público’ por meio dos militares do Planalto e de assessoras da então primeira-dama”. 

O pagamento da fatura do cartão, aliás, era alvo de preocupação de Cid. Segundo conversas interceptadas e também objeto de matéria do UOL, havia orientação para que as despesas de Michelle fossem pagas em espécie.

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Segundo a reportagem, “a preocupação de Cid era que a prática fosse caracterizada como um esquema de rachadinha, porque não havia a comprovação da origem dos recursos. As conversas foram realizadas por meio de áudios enviados por um aplicativo de diálogos”. 

Numa das transcrições, Cid cita que o uso do cartão poderia levar à caracterização de rachadinha e diz “(…) O Ministério Público, quando pegar isso aí, vai fazer a mesma coisa que fez com o Flávio (Bolsonaro), vai dizer que tem uma assessora de um senador aliado do presidente, que está dando rachadinha, tá dando a parte do dinheiro para Michelle”. 

Com informações do UOL

(PL)

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