Projeto quer incluir Niemeyer no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria

Proposta que reconhece o papel de Oscar Niemeyer na história brasileira foi apresentada pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e será analisada na Comissão de Educação do Senado

Foto: Ricardo Stuckert/PR/via Agência Senado

A inclusão do arquiteto Oscar Niemeyer no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria será analisada pela Comissão de Educação do Senado em sessão deliberativa nesta terça-feira (13). A proposta foi apresentada pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e teve parecer favorável da senadora relatora, Jussara Lima (PSD-PI). 

Na justificativa da proposta, Paim destaca que “a imaginação criadora de nosso homenageado já inscreveu seu nome, com concreto, vidro e aço, em muitas cidades do Brasil e do mundo. Decerto, em nenhuma outra de modo tão marcante como nesta Capital, que surgiu sob o signo da renovação e da esperança”. 

O senador acrescenta que “os edifícios projetados por Oscar Niemeyer e erguidos na Praça dos Três Poderes parecem exprimir um permanente anseio por justiça, pela clareza da mente e do coração, pela liberdade da imaginação e do pensamento. Compondo ainda a praça, temos o Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, criado por nosso arquiteto para marcar a redemocratização do país e honrar sua vocação libertária”. O parlamentar lembra ainda que os ataques golpistas promovidos por bolsonaristas em 8 de janeiro deste ano foram “uma agressão inédita e inimaginável a algumas das mais importantes criações de Niemeyer”.

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Nome de destaque dentro e fora do Brasil por sua marca única deixada na arquitetura moderna, Niemeyer nasceu em 1907 no Rio de Janeiro. Em 1945, ingressou no Partido Comunista. “Tenho um especial apreço pelo PCdoB, porque é um partido que está empenhado na luta política, contra a pobreza, a injustiça social, contra a privatização que anda por aí ameaçando a nossa soberania”, disse o arquiteto em vídeo gravado em 2010, quando o partido fundado em 1922 completava 88 anos. 

Em 1956, Niemeyer foi convidado pelo presidente Juscelino Kubitschek para projetar a nova capital federal, iniciativa que mudou a história da política e da arquitetura nacional. 

“A impressionante mensagem que o risco de Niemeyer traça no concreto espanta e arrebata o mundo. O Congresso Nacional, a Catedral, os Palácios da Alvorada, do Planalto, do Itamaraty, entre inúmeras outras criações notáveis, trazem a beleza para o dia a dia dos cidadãos, ao mesmo passo que apresentam soluções originais para atender a sua utilização social. Pode-se dizer que, muitas vezes, a funcionalidade cede terreno para que a beleza se manifeste mais plenamente, mas como negar a função social da beleza e da originalidade, que permitem aos habitantes e visitantes de Brasília descortinar, em ângulos renovados, a aventura da imaginação criadora concretizada no espaço público?”, diz o senador Paulo Paim em seu projeto. 

Apesar da grande obra, o arquiteto mantinha espírito modesto. “A minha vida não tem nada de especial. É a de um ser humano, assim, insignificante que atravessa a vida, que é um sopro”, disse em 2007. Cinco anos depois, em 5 de dezembro de 2012, Niemeyer faleceu no Rio de Janeiro, aos 104 anos. 

Criado em 1992, o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria reúne protagonistas da liberdade e da democracia, que dedicaram sua vida ao país em algum momento da história. A inscrição de um novo personagem depende de lei aprovada no Congresso. 

O título é concedido a personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na construção do país. Uma vez aprovado, o nome fica registrado no livro — também conhecido como Livro de Aço, pois a obra de fato é formada por páginas de aço — abrigado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.