Professora critica mercantilização da educação no Congresso da UNE

“Além da mercantilização, passamos pela financeirização do ensino. Hoje as escolas e universidades são braços de grandes grupos empresariais”, diz Valéria Morato

Valéria Morato diz também que há a financeirização do ensino (Foto: Matheus Alves / UNE)

Professora há mais de 30 anos e presidente do Sinpro Minas, Valéria Morato, afirmou que o país não terá qualidade de ensino sem a regulamentação da educação privada. De acordo com ela, o processo de mercantilização pelo qual passou a educação, transformou o que seria um direito em mercadoria.

“Além da mercantilização, passamos pela financeirização do ensino. Hoje as escolas e universidades são braços de grandes grupos empresariais, que têm como objetivo o lucro e maximização de resultados”, disse Morato no debate do 59º Congresso da UNE, que termina neste domingo (16), em Brasília.

Ela participou como uma das debatedoras do painel “Ensino Privado: Qualidade, Regulamentação e Assistência Estudantil reuniu estudantes, educadores e especialistas para discutir e analisar os desafios e oportunidades relacionados ao ensino privado no Brasil”.

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Para a professora e sindicalista, a falta de regulamentação permitiu que esses grandes grupos empresariais da educação ampliassem seu poder e fossem beneficiados pelos planos de financiamento estudantil do Estado.

“É um ambiente atrativo para os fundos de investimento”, afirmou. “E sem o poder regulador que deveria ser exercido pelo Estado, não há compromisso com a formação de profissionais e cidadãos, nem com desenvolvimento social”, prosseguiu.

Como consequência, há queda na qualidade no ensino e precarização do trabalho. “A regulação é frágil e não impede que as instituições não cumpram com suas responsabilidades sociais”, explicou. “Obter resultados financeiros implica em beneficiar uma minoria de acionistas, em detrimento dos trabalhadores e dos alunos”.

Na opinião de Valéria, “para aumentar o número de alunos – e a lucratividade – há uma migração do investimento em educação para o marketing, construção de prédios e até fundação de campi”, ou seja, a prioridade não é o Ensino. “Isso se traduz em mensalidades mais caras e maior endividamento dos alunos, além de aumento da evasão”.

Um dos exemplos é a ampliação do EaD (Ensino à Distância) sem nenhum critério. “Um contingente enorme de alunos em uma sala de aula, com aulas gravadas, diminui absurdamente os custos com o professor e não oferece qualidade. Além de não oferecer qualidade no ensino, os trabalhadores também pagam a conta: são pouco valorizados e têm ficado adoecidos com o excesso de demandas.”

Com informações do Sinpro Minas

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