Argentina escolhe hoje entre a democracia e a extrema-direita autoritária

Cerca de 35 milhões de pessoas estão aptas a votar e definirão quem será o novo presidente: o peronista Sergio Massa, do campo democrático, ou o ultraliberal Javier Milei

Fotos: reprodução/Página 12

Este domingo, 19 de novembro, marca um momento crucial na vida do povo argentino. A realização do segundo turno da eleição presidencial entre o peronista Sérgio Massa e o ultraliberal Javier Milei vai definir os rumos do país vizinho, que pode continuar seguindo a rota democrática ou abrir caminho — como aconteceu aqui em 2018 — para um aventureiro extremista que pode destruir o país. 

A disputa está acirrada. No primeiro turno, em 22 de outubro, o governista Massa saiu na frente, com 36,69% dos votos válidos enquanto Milei teve 29,99% — situação que surpreendeu a muitos que acreditavam na possibilidade de Milei sair na frente, dado o desempenho que teve nas prévias. 

Na Argentina, é proibida a divulgação de pesquisas na semana que antecede o pleito, o que torna, neste momento, o cenário nebuloso. A mais recente pesquisa, da AtlasIntel, divulgada no dia 10, aponta para Milei à frente com pouco mais de 52% e Massa com quase 48%, com uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais, o que os coloca tecnicamente empatados. 

Já o levantamento publicado no dia 8 e feito pelo Centro Estratégico Latino-americano de Geopolítica (Celag) aponta para o inverso, com vitória de Massa por 46,7% e Milei com 45,3%, cenário igualmente acirrado. Outros institutos apontaram quadros semelhantes, ora com a vitória de um, ora com a de outro. 

A Argentina tem 35 milhões de eleitores aptos a votar que escolherão não apenas quem será seu próximo presidente, mas a influência da extrema-direita pela região, acompanhando movimentos recentes que levaram Donald Trump e Jair Bolsonaro, entre outros, ao poder. Lá como aqui, não se trata de uma escolha comum entre propostas distintas de projeto, mas da própria sobrevivência democrática e da garantia, ou não, de direitos básicos a uma população que já sofre com a crise econômica. 

“Eu diria que ele tem traços de personalidade fascista, mas o fascismo é algo complexo. Milei representa uma resposta da extrema-direita para a profunda crise do capitalismo”, alertou o sociólogo Atilio Borón em entrevista ao ComunicaSul reproduzida pelo Portal Vermelho. Ele aposta na vitória de massa e diz, ainda, que “Milei é um personagem profundamente antidemocrático, sem dúvida alguma, mas que não pode ser apenas rotulado como fascista, pois essa definição deixaria de lado muitas outras características de sua personalidade e de seu projeto político que vão além do que conhecemos como fascismo”. 

Leia abaixo alguns destaques do que o Vermelho já publicou sobre a disputa na Argentina:

>> Milei chama democracia de “tirania da maioria” e cultua dólar e privatização

>> Atilio Borón aposta em Sergio Massa e diz que Milei perde a eleição

>> Rompimento com Brasil e China? Milei derrete em debate eleitoral

>> Argentina: após debate, Massa se fortalece para o final da campanha

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