Brasil voltou a ser respeitado e deve aprender a ser grande como é, diz Lula

Em live com membros do governo, presidente fala das conquistas obtidas nesta que deve ser sua última viagem internacional do ano e que rendeu novos acordos em diversas áreas

Foto: Ricardo Stuckert

Com o objetivo de levar à população mais detalhes sobre as ações do governo federal durante a viagem que Lula e sua comitiva estão fazendo pelo Oriente Médio e pela Alemanha, o programa Conversa com o Presidente desta terça-feira (5) recebeu 11 membros do governo para um bate-papo no qual o próprio Lula foi o apresentador na maior parte do tempo. 

“Volto desta viagem muito convencido, depois da quantidade de contatos que tive, de que o Brasil voltou a ser um país respeitado. Como é bom você perceber que as pessoas querem conversar com o Brasil. Ver como as pessoas querem investir. Elas querem discutir transição ecológica, energética, a questão climática”, declarou o presidente.

Lula salientou, ainda, que “é importante que o Brasil aprenda a ser grande. É importante que aprenda a ser importante. É importante que aprenda a ser do tamanho que tem. A gente tem que ter grandeza naquilo que faz em uma relação democrática”. 

Primeiro a falar, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou: “Acho que ficou confirmada a percepção de que o Brasil tem vantagens competitivas que nenhum país tem num mundo com problemas sociais e ambientais”. 

Haddad acrescentou que os árabes “se comprometeram a continuar investindo, não só na produção de minerais críticos, mas também estão dispostos a atingir 10 bilhões de dólares em investimentos em empresas e projetos de infraestrutura no Brasil”. 

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Na COP 28, disse ainda o ministro, “o país foi celebrado e apresentamos programas com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para financiar a transição ecológica no Brasil. A Alemanha não poderia ter sido mais clara. Quer uma nova onda de investimentos, inclusive industriais, tanto em energia limpa quanto produção manufatureira”. 

Na sequência, ao tratar do cenário econômico nacional, pontuou: “Vamos crescer 3% este ano; atingimos uma taxa muito elevada de juros em julho e o Banco Central começou a cortar a taxa a partir de agosto. Quero crer que com as medidas que estamos tomando junto ao Congresso — inclusive a reforma tributária, que vai ser a primeira reforma tributária feita em regime democrático e a mais ampla da nossa história —, além das leis e medidas provisórias que encaminhamos, o brasileiro pode esperar uma economia cada vez mais forte”. 

PAC e Agricultura

Foto: Ricardo Stuckert

Durante sua participação, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, coordenador do Novo PAC, salientou: “Há muito interesse em projetos licitados pelo governo nas áreas de infraestrutura, transição energética, segurança alimentar e de parcerias empresariais. Há grandes oportunidades com fundos de investimentos e agências de fomento de vários desses países. Tivemos a oportunidade apresentar o Novo PAC em detalhes, um projeto que pretende licitar algo em torno de 370 bilhões de dólares”. 

Carlos Fávaro, titular da pasta de Agricultura e Pecuária, destacou que “o Brasil retomou a liderança, a boa diplomacia e os laços de amizade. Com isso, se abriram oportunidades”. Ele explicou que 72 novos mercados foram abertos para os produtos brasileiros até este momento. “São mercados que o Brasil não acessava”, disse, citando como exemplos a venda de carnes suína e bovina para o México, de algodão para o Egito e de frango para Israel.

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Ele criticou o posicionamento reativo ao governo Lula adotado por parte dos empresários do segmento, no qual o alinhamento ao bolsonarismo é forte. “Muitas vezes, algumas pessoas do agronegócio, talvez por maldade ou por desconhecimento, não compreendam a força do seu pronunciamento, de sua liderança, que ficou nítida. Um pronunciamento muito forte com relação à sustentabilidade, com respeito ao meio ambiente, mas com intensificação (no setor). Nosso programa de conversão de pastagens em áreas agricultáveis vai permitir que o Brasil possa dobrar sua produção e consequentemente, a geração de emprego e oportunidades e com uma diferença importante: não será sobre a floresta”. 

Na sequência, o ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, falou sobre o Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar). “Os três programas de compra pública lançaram dinheiro novo, com R$ 1,5 bilhão para a alimentação escolar, R$ 1 bilhão para a aquisição de alimentos da agricultura familiar e R$ 120 milhões de assistência técnica e extensão rural”, salientou.

Ele acrescentou que “o grande ganho na COP é o debate sobre o sistema agroflorestal, de casar a produção de alimentos com o reflorestamento. De trabalhar com o conceito de florestas produtivas. Um momento importante para consolidar a tese de que o reflorestamento dá resultado econômico para o pequeno agricultor”. 

Ciência, Trabalho e Comunicação

A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, falou sobre as realizações deste ano, destacando que “hoje, nós já executamos mais recursos para Ciência e Tecnologia do que os quatro anos do governo anterior”.

Já o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, lembrou que em dez meses o Brasil criou 1,78 milhão de novos empregos formais, com carteira assinada. “Na prática serão dois milhões até o fim do ano. Estamos num processo importante de combate ao trabalho infantil e à escravidão e acordos com vários setores”, afirmou. 

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Outro tema tratado na live foram as fake news e a desinformação. O ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação da Presidência, informou que “a Alemanha tem experiência importante na área. Tivemos uma reunião de trabalho com o ministro equivalente da Secom deles. Dali saiu um protocolo e uma série de iniciativas conjuntas”.

Pimenta acrescentou que “é um enorme desafio construir um ambiente de integridade da informação, de combate às fake news, de educação midiática, de aprimorar a legislação para impedir a livre circulação de conteúdo que é considerado ilegal fora das redes. Essa parceria com a Alemanha é importante porque tira aquela aura de ser algo autoritário. A Austrália também já aprovou leis nesse sentido. O Canadá aprovou. O mundo sabe da importância dessa discussão”. 

A live contou ainda com as participações dos ministros Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência, e Esther Dweck, da Gestão e Inovação, além de Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).