Agronegócio é cada vez menos resistente ao governo Lula

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, diz que as ações do governo na área têm “desmistificado” o discurso bolsonarista segundo o qual Lula não gosta do setor

(Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Bolsonaro sempre contou com apoio de integrantes do agronegócio nas suas investidas golpistas. Porém, no último ato convocado pelo inelegível, em prol de si mesmo, houve a percepção da ausência deles na Avenida Paulista.

“Não vi adesão nenhuma. Está todo mundo trabalhando. Período de colheita. Estava todo mundo na roça, na lavoura, não estava preocupado com esse tipo de manifestação”, observou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em entrevista a jornalistas, na semana passada, em Brasília.

Para o ministro, as ações do governo na área têm “desmitificado” o discurso bolsonarista segundo o qual Lula não gosta do setor.

Na avaliação de Fávaro, pode ser que parte do empresariado continue resistente, mas isso tem ficado difícil diante dos números e disposição do presidente para conversar com os empresários.

Para se ter ideia, no ano passado, o setor agropecuário cresceu 15,1% em relação a 2022, o maior responsável pelo aumento de 2,9% do PIB brasileiro.

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O bom desempenho tem participação direta do governo. Afinal, foram destinados R$ 364,22 bilhões, o maior da história, ao Plano Safra 2023/2024 para o financiamento da agricultura e da pecuária empresarial no país.

De acordo com reportagem de O Globo, o presidente programa viagens a Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul para lançar o pacote batizado de PAC para o Agro.

Na semana passada, o ministro da Agricultura anunciou que Lula iria retomar uma agenda de trabalho com empresários de diferentes setores do agronegócio.

Assim como membros do parlamento, os empresários do setor vão conversar pessoalmente com o presidente para apresentar suas demandas.

“No final do ano passado, nós começamos a trazer, aqui no Palácio [do Planalto], para conversar com ele, reivindicar, trocar ideias. Ele já pediu para retomar isso, já tem três setores da economia do agro que querem visitas com o presidente. Ele [Lula] quer que marque lá na Granja do Torto, para que, ao final da reunião de trabalho, possa ter um churrasquinho, ele se aproximar”, anunciou o ministro.

Números

O Ministério da Agricultura informa que, em 2023, o país superou anos anteriores e atingiu a marca histórica de 78 novos mercados em 39 países.

“As exportações brasileiras do agronegócio também bateram recorde, atingindo US$ 166,49 bilhões, cifra 4,8% superior em comparação a 2022, o que representa um aumento de US$ 7,62 bilhões. Dessa forma, o agro foi responsável por 49% da pauta exportadora total brasileira em 2023”, comemora a pasta.

“A pedido do presidente Lula e do ministro Carlos Fávaro, seguimos com nossas missões pelos continentes, em especial na África e na Ásia, dialogando com os países para ampliar o comércio agrícola brasileiro, conquistar novos mercados e obter aprovações para plantas pelo sistema de pré-listagem (eliminando a necessidade de auditorias locais)”, afirma o secretário de Comércio e Relações Internacionais, Roberto Perosa.

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