Selic vai a 10,5% com voto por corte menor de bolsonaristas

Corte nos juros foi de 0,25%, com voto de desempate de Roberto Campos Neto, contrário à redução de 0,5%. Medida está aquém das necessidades do Brasil

Brasília - 20/06/2023 Integrantes de centrais sincicais fazem protesto contra os juros altos em frente à sede do Banco Central. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic em 0,25%, nesta quarta-feira (8). Com isso a taxa básica de juros foi a 10,5% ao ano e quebra a sequência de cortes em 0,5% que ocorria desde agosto de 2023. No início deste atual ciclo de reduções a taxa estava em 13,75% ao ano.

Apesar de não atender aos anseios da população e dos setores produtivos pela ampliação do tamanho do corte, ou mesmo pela manutenção do ritmo de queda, o que não ocorreu, esta foi a sétima redução consecutiva nos juros que chegam ao menor patamar desde fevereiro de 2022, quando marcaram 9,25%.

A decisão dos diretores do Banco Central marcou divisão de 5 votos a 4, com o voto de desempate do presidente do BC, Roberto Campos Neto, pelo tímido 0,25%, acompanhado Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Otávio Ribeiro Damaso e Renato Dias de Brito Gomes. Destaca-se que todos estes foram indicados na gestão Bolsonaro.

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Na justificativa dos integrantes do Copom consta que “o Comitê acompanhou com atenção os desenvolvimentos recentes da política fiscal e seus impactos sobre a política monetária. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”

Os votos pela manutenção de corte da Selic em 0,5% foram Ailton de Aquino Santos, Gabriel Galípolo, Paulo Picchetti e Rodrigo Alves Teixeira – todos indicados pelo atual governo.

O racha mostra que a ala de diretores mais recente está antenada às necessidades da população e dos setores produtivos. O atual processo de desinflação deveria ser entendido pelos demais diretores do BC como momento oportuno para juros menores para expandir o crédito e o consumo, com o efeito de impulsionar o PIB e manter as taxas de desemprego em baixa, como se apresentam no governo Lula.

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Desemprego em baixa e vagas formais em alta atestam avanços na economia

Como apontou o professor de economia da Unifesp, André Roncaglia, em sua rede X, “os velhos seguiram o boato: pânico fiscal. Os novos se apoiaram em fatos: inflação em queda, PIB desacelerando e desemprego subindo na margem.”