Pobreza e violência tiram 6 anos de vida dos negros
Dados analisados por pesquisadores da UFMG mostram que fatores como falta de saneamento e exposição à violência influenciam diretamente na expectativa de vida dos negros
Publicado 25/11/2024 17:53 | Editado 27/11/2024 18:05
A população negra brasileira tem uma expectativa de vida menor do que a da branca devido às condições vulneráveis em que vive. Pobreza e violência tiraram dessa fatia entre quatro e seis anos de vida, quando são analisadas as últimas duas décadas.
A informação foi obtida pelo IMDS (Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social) e pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG a partir de dados do IBGE.
Segundo o levantamento, na década entre 2000 e 2009, as mulheres brancas viveram, em média, 76,6 anos, enquanto as negras viveram 72,5 anos. No caso dos homens, a diferença é ainda maior: 70,4 para os brancos ante 65,2 para os negros.
Na década seguinte, a expectativa de vida aumentou para as mulheres de ambas as raças e a diferença permaneceu praticamente inalterada, com 80 anos para as brancas e 76 para as negras.
Enquanto isso, o quadro piorou para os homens negros: a diferença entre eles e os brancos foi para 5,9 anos, com cada um chegando 74,5 e 68,6 anos, respectivamente.
De acordo com os pesquisadores, o problema está em dois fatores que acompanham a vida da população negra brasileira desde sempre, resultado da exclusão e desigualdade advindas dos séculos de escravidão: a pobreza e a violência.
No caso da pobreza, a falta de elementos básicos como saneamento, alimentação adequada e atendimento à saúde impõem uma realidade de privações desde o nascimento. Isso influencia diretamente na mortalidade infantil e na desnutrição.
Vale destacar que essa realidade pode sofrer alterações se o Brasil seguir na rota das políticas públicas voltadas à redução das desigualdades, o que contribui diretamente para a melhora na qualidade e, consequentemente, na expectativa de vida.
Em 2023, por exemplo, a extrema pobreza teve uma queda de 40%, segundo relatório do do Observatório Brasileiro das Desigualdades, graças às políticas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, à valorização do salário mínimo e à queda no desemprego, entre outros fatores.
Outra face dos direitos negados à população negra diz respeito à violência que envolve esse segmento de formas diferentes e é responsável por tirar vidas especialmente entre os mais jovens, dos 15 aos 39 anos.
Segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os negros são as maiores vítimas de homicídios no Brasil, respondendo por 78% do total e são 82% dos mortos em ações policiais.
Com agências
(PL)