Publicado 10/12/2007 16:39 | Editado 04/03/2020 17:19
Terminou neste domingo, 9, o sexto Congresso do Sintaema – Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
Durante três dias, cerca de 300 delegados de todo o Estado debateram a conjuntura internacional e nacional, o movimento sindical, balanço de gestão, saneamento e meio ambiente e outras questões de interesse da categoria.
O Congresso se desenvolveu em um clima de grande debate e participação. Em nenhum momento os debates em plenário ou nos grupos teve pouca presença.
Três questões centrais polarizaram as discussões: a posição dos trabalhadores diante do governo Lula, o debate das centrais sindicais e o método de eleição da diretoria do Sindicato.
Com cerca de 60% dos delegados, a CSC – Corrente Sindical Classista – aprovou todas as suas propostas, todas elas com o esforço de incorporar outras correntes, sem precisar se valer da condição de maioria. A Articulação Sindical foi a segunda bancada, com cerca de 20% dos delegados. A ASS (Intersindical) com cerca de 15%. A Conlutas (oposição no Sintaema) teve cerca de 5% dos delegados.
O texto-base proposto pela maioria da diretoria do Sintaema foi aprovado. Isso significa, nos itens principais, a adoção de uma posição de independência e não de oposição sistemática ao governo Lula, a desfiliação da CUT e Assembléia no início para definir a nova filiação e, por último, a manutenção das regras atuais para a eleição sindical, com a rejeição de uma fórmula apelidada de proporcionalidade pelos seus proponentes.
Na conjuntura nacional, a Articulação apoiou as teses da CSC. Na questão sindical, a Articulação, óbvio, votou contra, mas os classistas fecharam com a ASS.
No método de votação, uma parte da Articulação votou com a CSC e outra se absteve, produto de um acordo político costurado durante o Congresso.
A Conlutas, com uma presença residual no Congresso, praticamente votava contra todas as propostas da CSC. Há que se destacar, no entanto, que o próprio líder da oposição sustentou que o congresso foi democrático, muito disputado, mas civilizado. “O melhor congresso da história do Sintaema”, nas palavras do encabeçador da derrotada chapa 2 nas eleições passadas.
O presidente da Câmara Federal, deputado Arlindo Chinaglia, prestigiou o evento. A mesa de conjuntura contou com a presença de Altamiro Borges, direção nacional do PCdoB, deputado estadual Zico Prado, PT/SP, e Ana, da Intersindical.
Sobre sindicalismo falaram, Adi, metalúrgico do ABC e da CUT/SP, Manoel Melatto, metalúrgico de Campinas e dirigente nacional da Intersindical e este que ora vos escreve.
A CSC saiu bastante fortalecida do Congresso. Sua delegação, durante todo o congresso, usou camiseta vermelha com a marca classista, todos os espaços do hotel de Atibaia onde o evento foi realizado foram decorados com bandeira e faixas dos classistas.
Todas as correntes se uniformizaram e distribuíeram boletins próprios, numa intensa luta de idéias para conquistar corações e mentes da vanguarda da categoria.
A diretoria do Sintaema, apesar das complexas decisões e das mutantes alianças ao longo do Congresso, sai fortalecida e unificada, pavimentando o caminho para as próximas batalhas: filiação à CTB, campanha salarial e eleições sindicais.
Por último, cumpre realçar a grande capacidade de mobilização da CSC, a disciplina na participação ativa e permanente nos grupos e plenários e o surgimento de novas lideranças capazes de enfrentar os debates mais duros.
(*) Nivaldo Santana, sindicalista e dirigente nacional e estadual do PCdoB