Chanceler venezuelano critica “plano aventureiro” dos EUA
O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que o governo dos Estados Unidos promove um “plano aventureiro” para qualificar seu país como Estado “terrorista”.
Publicado 13/03/2008 10:54
“É um passo aventureiro (…) Ninguém pode nos qualificar ou aplicar leis de outras nações (…) A Venezuela não tem nada a temer, atua com respeito aos princípios, é um modelo de democracia”, disse Maduro após as afirmações do presidente norte-americano, George W. Bush, que vinculou o presidente Hugo Chávez às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Maduro disse que os Estados Unidos sempre foram um país “violento e belicista”. Por isso, segundo ele, a Venezuela não “cairá em provocações com as declarações desta gente”. Também comentou que, após a Cúpula do Grupo do Rio, realizada no último fim de semana em Santo Domingo, os Estados Unidos “lamentaram” a resolução do conflito entre Equador, Colômbia, Nicarágua e Venezuela.
“O governo dos Estados Unidos ficou em silêncio, enquanto toda a América Latina, o Caribe e parte do mundo saudavam o bonito resultado da Cúpula de Santo Domingo (…) Sua primeira reação foi de intriga, de atiçar os ventos de conflito, de lamentar que tenha se resolvido”, disse o chanceler.
Maduro também criticou a participação da Organização dos Estados Americanos (OEA) na crise com a Colômbia. Para ele, a atuação do organismo foi “muito abaixo das expectativas e necessidades do conflito”, contrária aos “êxitos” obtidos após a Cúpula, na qual os presidentes da Venezuela, Colômbia, Equador e Nicarágua apertaram as mãos.
Por último, Maduro reiterou que seu país tem “uma conduta muito clara”. Segundo ele, “é preciso ver qual governo é terrorista, e o destino da história dos próximos meses verá o julgamento do próprio povo dos EUA sobre o caráter violento e terrorista que significou a administração de Bush para os Estados Unidos e o mundo”.
Telhado de vidro
Na manhã desta quarta-feira (12), o presidente norte-americano George W. Bush atacou seu colega venezuelano, Hugo Chávez, por supostos vínculos com as Farc e o acusou de utilizar os lucros do petróleo para alimentar una campanha contra os Estados Unidos.
Já o vice-ministro da Segurança Cidadã da Venezuela, Tarek El Aissami, disse que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu que seu país é uma das nações “que combate com maior firmeza o narcotráfico”.
“A ONU é consciente de que durante os últimos noves anos o governo tem desenvolvido políticas constantes, claras e coerentes” na luta contra o narcotráfico, assegurou El Aissami em um comunicado emitido ontem.
Segundo ele, essas declarações são uma “resposta à intenção do governo dos Estados Unidos de incluir a Venezuela na lista de nações que ajudam e patrocinam as ações terroristas e o narcotráfico”.
El Aissami revelou que a Venezuela apreendeu em 2007 quase 57 toneladas de drogas e desmantelou 13 laboratórios de processamento de entorpecentes. “Nós somos vítimas do narcotráfico. Não produzimos e tampouco consumimos, mas a localização geográfica do país e a situação limítrofe com a Colômbia nos põe dentro da via de exportação e trânsito ao resto do mundo e especialmente aos Estados Unidos”, disse o vice-ministro.
Por esse motivo, afirmou que os Estados Unidos não têm “moral” para falar contra o narcotráfico, já que este país é o “primeiro consumidor de droga no mundo”. De acordo com o Escritório Nacional Antidrogas (Ona), a Venezuela é considerada local de “trânsito” de entorpecentes produzidos na Colômbia.
Fonte: Ansa Latina