Chanceler boliviano critica referendos sobre autonomia
O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, se mostrou convencido de que haverá “confrontos” caso o departamento (estado) de Santa Cruz realize no mês que vem o referendo sobre sua autonomia, considerado ilegal pelo Governo.
Publicado 19/04/2008 15:47
“Se houver (referendo) em 4 de maio, haverá confrontos”, afirmou o chanceler aos meios de comunicação. Choquehuanca fez essas declarações na localidade de Warisata, depois de assistir a um desfile dos Ponchos Vermelhos, aimaras radicais que se consideram uma milícia do presidente do país, Evo Morales.
A Bolívia vive há meses uma crise gerada por setores da elite oligárquica do país que rejeita o projeto de uma nova Constituição, lançado por Morales. Esta mesma elite, tenta forçar a autonomia territorial nos departamentos de Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando.
O referendo de ratificação da autonomia do departamento de Santa Cruz vai acontecer em 4 de maio. Porém, para o Executivo, a votação não passará de uma mera pesquisa de opinião, já que o processo não tem o aval do Congresso nem da Corte Nacional Eleitoral.
Nas declarações que fez nesta semana, Choquehuanca disse que o Governo vai “fazer frente aos que querem fazer dano à pátria, aos que querem dividir” o país. Perguntado sobre como seria essa resistência, o ministro disse: “Organizando-nos. Todos os bolivianos devem lutar. Temos que nos unir”.
Produtores de coca contra o referendo
Os produtores de folha de coca do Chapare vão manifestar-se em Santa Cruz para impedir o referendo.
O sindicalista Julio Salazar referiu que os agricultores vão impedir a distribuição de urnas para a consulta popular, que consideram ser uma fraude que provocará a divisão do país.
Na mobilização são esperadas mais de dez mil pessoas, tanto produtores de folha de coca como de outros setores agrícolas.
O referendo separatista em Santa Cruz é entendido como ilegal e inconstitucional pelos agricultores.
Para Junho, estão previstas consultas populares idênticas em Beni, Pando e Tarija, o que levou Evo Morales a pedir ajuda à Igreja Católica, a países amigos e à Organização dos Estados Americanos para que interviessem no conflito político da Bolívia.
Da redação,
com agências