Entre o vale tudo e o descortino tático
Em campanha eleitoral majoritária vale tudo? Uns dizem que sim – e fazem qualquer coisa em busca do voto, mesmo coisas eticamente questionáveis. Outros acham que não – e se recusam a certos expedientes de gosto e eficácia duvidosos.
Publicado 10/09/2012 14:41
Os primeiros em geral se dão mal: o eleitor reage a denúncias improcedentes e a palavras e gestos destinados a “descontruir” ou desqualificar o oponente. Segundo analistas credenciados, esses procedimentos caem na vala comum das diatribes de campanha, em que quase ninguém acredita. E quando conseguem seu intento, a vitória eleitoral, o fazem com razoável perda de credibilidade.
Já os que perseveram numa postura propositiva, centrada no diagnóstico dos problemas e na apresentação de propostas para solucioná-los, terminam por conquistar a maioria e alcançam a vitória. Daí o adágio “quem bate não leva”.
Então, se as coisas funcionam assim não há por que imaginar que o nível do confronto numa campanha disputada por forças políticas minimamente sérias e responsáveis descambe para acusações indevidas, em detrimento do debate de ideias e do respeito mútuo.
Não, infelizmente não é bem assim. Por mais que a vida ensine, não são os poucos que teimam em não aprender – ou, em situação de desvantagem, perdem a serenidade e o controle. O discurso vira desaforo ou injúria.
Em princípio, ao concorrente atingido caberia a satisfação da vitória na esteira do desvario adversário. Mas o embate eleitoral não pode se resumir a um perde e ganha, há que acrescentar conteúdo e aprimoramento ao processo democrático. Daí o desconforto que contamina o ambiente político.
De toda sorte, como se trata de peleja política pelo poder – por mais se reconheçam os limites desse “poder” -, a questão se converte em desafio tático: como responder a agressões e ataques injuriosos? Via de regra surgem de pronto duas alternativas: responder na mesma moeda e com força redobrada; ou retrucar com firmeza sem perder, contudo, o rumo traçado. Ou seja: provocações devem receber o trato devido, na dimensão adequada, sob pena de premiar o agressor com a inversão da pauta do debate.
Em outras palavras, cabe evitar que a indignação (mais do que justa) se sobreponha ao descortino tático – condição sine qua non de quem efetivamente se apresenta em condições de consolidar a conquista da maioria dos eleitores e vencer o pleito.
Aqui e alhures essa equação se repete a cada pleito. Basta observar com atenção, abalizar o comportamento de cada campanha e tirar as concussões. E conferir o resultado nas urnas.