Fogo avança na Amazônia e fumaça atinge estados do Sul e Sudeste

As fumaças provocadas pelas queimadas já atingiram São Paulo, Paraná e Bolívia. Os especialistas calculam elas devem alcançar o Rio Grande do Sul

Queimadas na região Amazônica - Foto: José Cruz/Agência Brasil

As queimadas na Amazônia estão sem controle. Para se ter uma ideia, os primeiros sete dias deste mês superou todo o setembro de 2021.  De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma registrou 18.374 focos de incêndio, um aumento de quase 10% em relação ao mês inteiro de 2021. Naquele período foram 16.742.

As fumaças provocadas pelas queimadas já atingiram São Paulo, Paraná e Bolívia. Os especialistas calculam que já nesta quinta-feira (8) elas devem alcançar o Rio Grande do Sul.

“Em 2019 a gente teve o dia do fogo. Agora, temos o mês do fogo. É o governo Bolsonaro, ampliando suas políticas de destruição do país”, diz o secretário-executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

De acordo com o Observatório, o número de queimadas em agosto foi o maior desde 2010; apenas nos quatro primeiros dias de setembro a média é de mais de 3.000 focos de queimada por dia, número quase 30% maior que o do infame “dia do fogo” de 2019.

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Outros dados lamentáveis apontam para uma taxa de desmatamento em 2021 maior desde 2006; as invasões de terras indígenas cresceram 212% nos primeiros três anos de Bolsonaro; o assassinato de indígenas no mesmo período atingiu o ápice desde o início da contagem, em 2003; e o garimpo ilegal epidêmico, altamente mecanizado e impactante, destrói centenas de quilômetros de rios.

“São números infelizmente cada vez mais banais. Eles resultam de um projeto consistente de Jair Bolsonaro e seus generais de destruir, a partir da Amazônia, todas as conquistas civilizatórias da Constituição de 1988 e a própria ordem democrática do país. O projeto de autocracia que Bolsonaro quer implementar no Brasil vem tendo sua pré-estreia na região amazônica nos últimos três anos e nove meses”, diz um trecho da nota do Observatório.

Os números de queimadas coincidem com outra situação lastimável. Até o último 5 de setembro, o Instituto do Meio Ambiente e de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) gastou apenas 37% do orçamento autorizado para prevenção e controle de incêndios florestais em 2022.

Os dados sobre execução orçamentária foram extraídos do Painel do Orçamento Federal (Siop) na segunda-feira (5). O Ibama havia liquidado até esse dia R$ 19,48 milhões dos R$ 52,75 milhões autorizados para prevenção e controle de incêndios florestais.

Queimadas na Amazônia (Reprodução)

Segundo o Inpe, foram registrados 33.116 focos na Amazônia no mês passado, aumento de 18% em relação a agosto de 2021 (28.060). É o maior número para o mês desde 2010. Se considerado o período de janeiro a agosto, a alta é de 16,8%: 46.022 focos, ante 39.424 nos mesmos meses de 2021.

Em relação à área queimada no bioma, de janeiro a julho (último dado disponível) houve aumento de 41% em relação ao mesmo período do ano passado: 11.779 km2 foram destruídos pelo fogo, contra 8.333 km2 nos sete meses de 2021, segundo o Inpe.

“A execução lenta dos valores autorizados neste ano evidencia a falta de atenção com a prevenção. O Ibama deveria ter atuado com força antes da época da seca para evitar o que está ocorrendo na Amazônia. Já a redução dos valores previstos para prevenção e controle em 2023 é criminosa. O Congresso Nacional tem o dever de ajustar isso no trâmite da proposta orçamentária”, afirma Suely Araújo, especialista em políticas públicas do Observatório do Clima.

Com informações do Observatório do Clima

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