Democracia sob risco
Importa relativamente pouco a quantidade de vândalos na Praça dos Três Poderes diante da dimensão social do extremismo de direita que ascendeu recentemente no país.
Publicado 09/01/2023 18:31 | Editado 09/01/2023 18:33

Não nos enganemos: para além da prisão de vândalos terroristas e da dissipação momentânea de bolsonaristas insanos da Praça dos Três Poderes, agora em Brasília — fatos por si mesmo extremamente graves — persiste a ameaça às instituições democráticas cultuada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro nos últimos 4 anos.
Não exagero ao usar a expressão “ponta do iceberg” para caracterizar os fatos deste domingo e acentuar o tamanho dessa ameaça.
Simbolicamente, se é que é possível usar essa expressão nesse caso, ao invadirem o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF, bolsonaristas ocuparam momentaneamente o poder da República.
É o que pretenderam sinalizar, elevando o tom dos seus apelos persistentes em defesa de um golpe militar.
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Quantos foram os vândalos na Praça dos Três Poderes? Importa relativamente pouco diante da dimensão social do extremismo de direita que ascendeu recentemente no país.
Em contrapartida, em paralelo ao conjunto das medidas tomadas pelo governo federal, pelo parlamento e pelo judiciário – “com firmeza e punição”, como acentua a ministra da Ciência e Tecnologia e presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos -, o movimento democrático amplo precisa se mobilizar e ganhar as ruas em manifestações pacíficas na defesa da democracia.
Há uma disputa de narrativas diante de uma população ainda dividida, entre o polo democrático e progressista que venceu o último pleito presidencial versus a direita bolsonarista. É preciso vencer essa disputa através do discurso e do gesto.