A “sangria” da Amazônia
A palavra “sangria” talvez seja o termo que melhor define o histórico relacionamento da Amazônia com o mundo e também com o restante do país, até mesmo porque a sua árvore símbolo é uma seringueira (Hevea brasiliensis), de onde se extrai o látex por um pr
Publicado 08/04/2008 20:06
Mas é não apenas o látex (leite) que sangra da Amazônia. Ao longo dos séculos tem sangrado recursos biológicos, minerais e até mesmo financeiros, embora a historiografia oficial sempre tenha sustentado a versão de que a região amazônica é sugadora de recursos federais.
No final do século 19 e início do século 20 a Amazônia vivia o “ciclo da borracha”, responsável por algo como 40% do total de nossas exportações. A menor parte desses recursos foi utilizada para criar uma razoável infra-estrutura nas cidades de Manaus e Belém. A parte substancial, todavia, foi drenado para subsidiar a atividade cafeeira no sudeste e abrir ferrovias noutras partes do Brasil.
Esse tipo de sangria, associado à biopirataria das sementes de seringueira praticado pelos ingleses pôs fim, finalmente, ao ciclo da borracha. Um longo período de escassez se abateu sobre a região.
No governo FHC a chamada lei Kandir desonerou as exportações de produtos primários e, novamente, a região foi e continua sendo duramente sangrada. As enormes reservas minerais, especialmente do Pará, são exportadas sem qualquer benefício tributário para o povo paraense. De novo, os recursos oriundos dessas exportações alimentam a balança comercial brasileira e torna ainda mais desigual o já profundamente desproporcional desenvolvimento regional.
O mesmo fenômeno ocorre com os bilhões de tributos arrecadados pela Zona Franca de Manaus, que são drenados para alimentar a economia nacional em detrimento do desenvolvimento da Amazônia.
Como se pode ver, diferentemente do que sempre se disse, a Amazônia é credora e não devedora do fisco e do tesouro nacional.