Duelo inescapável
É o que me vem à memória agora, quando a tendência à polarização Lula versus Bolsonaro na disputa presidencial tende a se consolidar, a diferença é que, ao contrário do filme, não há espaço para dúvida sobre quem é o herói e quem é o bandido
Publicado 17/03/2022 10:04

Do tempo em que o chamado faroeste norte-americano me empolgava permanece inesquecível “Duelo de titãs”, estrelado por Kirk Douglas e Anthony Quinn.
E é o que me vem à memória agora, quando a tendência à polarização Lula versus Bolsonaro na disputa presidencial tende a se consolidar.
A diferença é que, ao contrário do filme, não há espaço para dúvida sobre quem é o herói e quem é o bandido.
Vai ficando nítido para maioria da população que esses são os dois polos verdadeiramente distintos na peleja.
Tentativas de uma autodenominada “terceira via”, tanto à esquerda com Ciro Gomes, como à direita, com Sérgio Moro, João Dória e outros parecem definitivamente frustradas.
Recentemente, o ex-juiz da Lava jato, em meio a escaramuça com o governador de São Paulo, reconheceu que a polarização se dá com Lula “pelo desespero da população com a crise econômica”.
Ou seja, ainda que obtuso e presunçoso, ele reconhece que os insatisfeitos em sua grande maioria identificam no ex-presidente a possibilidade de um modelo econômico alternativo ao ultra liberalismo guedes-bolsonarista fracassado.
Esse dado de realidade tende a se acentuar na medida em que os reflexos da crise global e do efeito bumerangue das sanções adotadas contra a Rússia crescentemente atingem a economia brasileira.
Pesquisas mais recentes, ainda que devam ser avaliadas com cautela (como comentei rapidamente outro dia https://bit.ly/3Na6LfF) desenha a natureza do duelo.
Além disso, é a pré candidatura do ex-presidente que se movimenta no sentido tático mais consequente, atraindo para si setores expressivos do centro político. A hipótese de Alckmin como vice na chapa é expressão mais clara disso.
Cabe o epíteto Duelo de Titãs porque de fato não será uma disputa fácil.
Forças políticas e sociais arregimentadas em torno da ideia da reconstrução nacional terão que superar uma extrema direita que resiste e se rearticula num ambiente pautado pelo mau uso dos recursos públicos, como forma de firmar alianças, e pela crescente proliferação de fake news disseminadas por super financiadas milícias digitais.
Os pretendentes à terceira via que não desistirem (como provavelmente acontecerá com o atabalhoado ex-juiz Moro) apenas comporão o cenário.
Sejamos mais do que espectadores ativos, como diria Julio Cortázar.
Para vencer.