Pras Pedras que Somos: álbum de Tauã é afago nesses tempos absurdos

Artista pernambucano lança seu segundo álbum de estúdio. Disco foi gravado na Chapada Diamantina, em isolamento por causa da Pandemia.

Foto: Divulgação

Que delícia! Que delícia! E a “Saudade do Mato” que Tauã estava e abre o seu mais novo trabalho de estúdio “Pras Pedras que Somos”, mostra o quanto também estávamos com saudades de um novo álbum seu. É o segundo desse artista pernambucano que já conta com “Ô, disponível também no YouTube e nas outras plataformas digitais, como o Spotify e Deezer.

E logo depois vem “Sedex” que é daquelas músicas que sabemos será sucesso. Um forrozinho intimista e lindo, sob a sanfona certeira de Mestrinho e que fala do amor nesses tempos de distanciamento social. E que aula de pura melodia e calma! Uma calma que tanto precisamos nesses dias que já passam de um ano de Pandemia, e nesse ano que mais uma vez não teremos São João, mas que acende bonito uma fogueira de paz e esperança nos nossos corações.

E assim segue como em “Pavio do Tempo”, terceira música do disco, que “alerta à morte a não mais se queixar”. E assim como “Sedex”, há mensagem que transcende, essa vinda de um “corpo que ainda grita um outro recado do mar”. Tudo isso numa batida de violão de um repente moderno, que faz o Sertão e o mar serem uma coisa só, como já disse lá atrás Antônio Conselheiro.

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E a “Saudade do Mato (II)” que era tanta, se mostra também como a quarta música. Tauã que também foi forjado na Chapada Diamantina e passou a maior parte da Pandemia (até agora) em Olinda, reencontra o mato e se reencontra mais uma vez na Bahia. Bom para ele e bom para a gente, porque ganhamos essa obra de arte de presente!

E assim se finda essa bela bolacha virtual com “Luzia”, a quinta canção. Rítmica, groovada e forte é a música mais diferente de “Pras Pedras que Somos”. Outra grande candidata a ser sucesso. É jazz, rock, samba, MPB e o fóssil mais antigo da América Latina.

“Pras Pedras que Somos” é um disco sobre Tauã, mas sobre todos nós e nossa relação com um estado de exceção imposto pela natureza, mas agravado pelo poder lá do outro Planalto que não é o da Chapada. As pedras que somos e a Pandemia, o genocídio e o descaso com a cultura e museus nacionais, e florestas e patrimônios universais que viram cinzas sob chamas da ignorância.

Diferente de “Ô que tinha música como “Tomada”, que explicitava o golpe dado por Temer e era uma porrada em forma de canção, “Pras Pedras que Somos” segue calmo do início ao fim. Mas segue certeiro com as coisas que sentimos aqui dentro.

“Pras Pedras que Somos” é um presente e uma abraço na alma. Se deixe abraçar!

Ouça “Pras Pedras que Somos”:

Links para o Spotify, Deezer e demais plataformas digitais

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