Trump, a instabilidade e o recuo do globalismo no mundo
Conforme Donald Trump vai colocando em prática suas ideias, é possível ter um quadro mais nítido de seu governo, e as relações que estabelece com os trabalhadores norte-americanos, assim como com governos e organismos multilaterais mundo afora.
Publicado 17/09/2018 13:42
A estratégia protecionista não logrou resultados no emprego, concentrando ainda mais renda. Por outro lado, cada gesto do governante isolacionista, unilateral, protecionista e xenófobo aponta para um desprezo pelos organismos multilaterais, causando um terremoto na economia mundial ao declarar guerra comercial. O mundo ignora os norte-americanos nas decisões regionais e a China vai se tornando o soft power a ocupar esse vazio. O discurso de Trump, após um ano de governo, é um documento deste estado de coisas
Quando um partido político ou uma aliança de partidos obtêm êxito numa disputa presidencial nos moldes do neoliberalismo capitalista ocidental, isto não quer dizer necessariamente que tenham alcançado o poder central de um país, mas tão-somente que tenham conquistado uma parcela desse status. O poder efetivo ou o establishment de um Estado é composto de inúmeras instâncias de comando real, como o domínio das rédeas da economia, das altas finanças, do Poder Judiciário em seus vários níveis, do controle da mídia, dos comandos militares, da diplomacia e da geopolítica, da hegemonia cultural sobre um povo, suas crenças filosóficas e religiosas, entre outras tantas questões.
Ao analisar a vitória de Donald Trump nas últimas eleições presidenciais norte-americanas, em fins de 2016, poderemos dizer com base no raciocínio já descrito que Trump e seu grupo político — que atua no interior do Partido Republicano — conquistaram o governo estadunidense, mas ainda não galvanizaram o conjunto do poder.
As primeiras medidas anunciadas pelo novo governo Trump indicavam importantes alterações na política interna e externa. Internamente, os postos-chave do novo ministério foram ocupados por representantes da direita que vinha adquirindo certo destaque com o movimento que surgiu em 2009, o denominado Tea Party (o Partido do Chá). Vários deles, entretanto, foram demitidos – como Trump gostava de fazer quando ancorava um reality show de televisão de grande audiência na época, o Aprendiz (The Apprentice) (1).
Nancy Fraser – que é professora de filosofia e política na New School for Social Research (Nova Iorque) (2) – faz a seguinte análise do processo eleitoral nos Estados Unidos: “A eleição de Donald Trump faz parte de uma série de grandes revoltas políticas que, juntas, sinalizam o colapso da hegemonia neoliberal. Elas incluem a votação pelo Brexit, no Reino Unido, a rejeição das reformas do então primeiro-ministro Matteo Renzi, na Itália, a campanha de Bernie Sanders pela nomeação como candidato do Partido Democrata, nos Estados Unidos, e o crescente apoio à direitista Frente Nacional francesa, dentre outras. Embora sejam diferentes em ideologia e objetivos, estas insurreições eleitorais compartilham a mesma meta: todas elas rejeitam a globalização corporativa, o neoliberalismo e o establishment político que os promove”.
Desta forma Fraser sintetiza o resultado e a eleição de Donald Trump: “Em todos estes casos, os eleitores disseram ‘Não!’ à combinação letal de austeridade, livre comércio, débito predatório e empregos precários e mal pagos, elementos que caracterizam o capitalismo financeiro dos dias atuais. Seus votos são uma resposta à crise estrutural desta forma de capitalismo, que se tornou patente a partir do colapso quase total da ordem financeira mundial em 2008”.
O impacto da crise financeira de 2007-2008
A eleição norte-americana, na verdade, sofreu os impactos do contexto de uma grave crise econômica e financeira instalada em 2007-2008, a partir do sistema financeiro estadunidense — que há 10 anos vem gerando fenômenos políticos importantes tanto em países desenvolvidos como nos periféricos.
Esse grande tsunami financeiro mundial teve seu epicentro em Wall Street, com o que ficou conhecido como crise do “subprime”. De lá para nossos dias, profundas repercussões atingiram toda a face do Planeta, sendo que os bancos e as instituições financeiras que geraram a crise se recuperaram consideravelmente às custas de inversões maciças de recursos do Estado norte-americano de resgate das grandes instituições mais afetadas pela crise e também de perdas significativas dos assalariados estadunidenses e dos trabalhadores de países da União Europeia, e de praticamente todas as demais Nações do mundo.
Para combater a crise, o Congresso dos EUA aprovou o maior aumento de gastos públicos desde o New Deal, sob o governo de Franklin Delano Roosevelt. O novo pacto orçamentário permite elevar as despesas da Administração de Donald Trump em 300 bilhões de dólares (986 bilhões de reais) em dois anos – um montante que deve causar um salto de aproximadamente 1,15 trilhão de dólares no déficit público do país.
A crise também revelou um mundo cada vez mais multipolar, que mostra os Estados Unidos adeptos do unilateralismo, que sustenta sua economia nos maiores déficits públicos e externos que o sistema capitalista já registrou. Suas forças armadas vêm praticando intervenções praticamente livres de quaisquer convenções e tratados internacionais – como foram os casos da invasão do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, da Síria, entre outras interferências sub-reptícias durante a chamada “Primavera Árabe”, e na Ucrânia. Mas essa crise fez emergir ao mesmo tempo forças internas que, mesmo sendo direitistas, revelaram quanto o povo é contrário a práticas ditas globalizantes, que prejudicam os trabalhadores do próprio centro dos países desenvolvidos.
Ao analisar a forma e o conteúdo do debate travado por Trump contra a candidata democrata Hillary Clinton, durante a campanha presidencial de 2016, o professor Luís Fernandes afirmou: “Por um lado, [o candidato republicano] tem um elemento associado a temas de direita e até de extrema-direita, um discurso politicamente incorreto, contra as minorias, contra homossexuais, contra a integração. Um preconceito contra a religião muçulmana, identificando seus praticantes como terroristas” (FERNANDES, 2016). Fernandes também alerta, na mesma entrevista, que a proposta de criar uma muralha na fronteira do México com os EUA para impedir a entrada de mexicanos mostra uma visão preconceituosa em relação aos latinos, associando-os a preguiçosos bandidos e traficantes. Recentemente Trump ameaçou o sistema de provocar o colapso financeiro do governo se os Democratas fincassem pé em não autorizar a construção do Muro entre os Estados Unidos e o México.
Mas o professor Fernandes pondera: “Por outro lado, ele (Trump) tem um discurso crítico da situação”. Para o autor, seu próprio lema de campanha – Vamos fazer a América Grande de Novo – teve por parte de setores significativos dos eleitores a seguinte leitura: a “política liberalizante enfraqueceu os EUA, o país perdeu dinamismo econômico e está perdendo postos de trabalho”. Esse é um discurso que anuncia medidas protecionistas do mercado e do emprego, que cala fundo no trabalhador branco, pobre, dos cinturões industriais em decadência nos Estados Unidos (como Detroit) e que se ressente da perda de vagas no mercado de trabalho — como ele propagandeou na campanha —, dos “empregos que perdemos para o México e para a China”, afirmando que “precisamos recuperá-los”.
A conclusão de Nancy Fraser sobre a vitória de Trump não se remete apenas aos problemas econômicos. Segundo ela, “a vitória de Trump não é unicamente uma revolta contra as finanças globais. O que seus eleitores rejeitaram não foi simplesmente o neoliberalismo, mas o neoliberalismo progressista. A expressão pode soar como um oxímoro, mas é um alinhamento político real e perverso que explica os resultados da eleição norte-americana, e talvez alguns dos desenvolvimentos políticos em outras partes do mundo. Nos EUA, o neoliberalismo progressista é uma aliança entre, de um lado, correntes majoritárias dos novos movimentos sociais (feminismo, antirracismo, multiculturalismo e direitos LGBT) e, de outro, um setor de negócios baseado em serviços com alto poder “simbólico” (Wall Street, o Vale do Silício e Hollywood)”.
“Nesta aliança”, afirma a professora Fraser, “as forças progressistas se unem às forças do capitalismo cognitivo, especialmente à ‘financeirização’. Embora involuntariamente, o primeiro oferece ao segundo o carisma que lhe falta. Ideais como diversidade e empoderamento, que poderiam em princípio servir a diferentes fins, hoje dão brilho a políticas que destruíram a indústria e tudo aquilo que antes fazia parte da vida da classe média”.
O PIB norte-americano calculado pela paridade do poder de compra
Já para o professor de geopolítica da Escola Superior de Guerra, Ronaldo Carmona, o governo Donald Trump procura manobrar em meio a um mundo em transição, no sentido de renovar a hegemonia e a liderança norte-americana. Ao longo da história, esse fenômeno é bastante perceptível, pois nenhum império esboroa ou renuncia à sua liderança – ou aceita o seu declínio de forma tranquila. Ao contrário, os impérios utilizam os atributos de poder com o objetivo de buscar seu relançamento. É o caso nítido dos Estados Unidos agora.
Em um país que possui uma economia com grande força – é a segunda economia mundial com base no Produto Interno Bruto (PIB) calculado pela paridade do poder de compra [PPC] (US$ 20 trilhões) e com alta capacidade de inovação –, pode-se constatar que, dentre as dez maiores empresas do mundo listadas em Bolsa de Valores, oito são estadunidenses; e possuem verdadeiras joias como as empresas do Vale do Silício e uma rede de universidades de primeira linha. Eles têm uma capacidade grande de renovação tecnológica.
O professor Carmona considera que “o movimento liderado por Trump busca certo protecionismo e um processo de reindustrialização para recompor uma base para a disputa da liderança mundial. Na verdade, podemos dizer que existe na atualidade uma grande corrida ao ouro no século XXI, ou uma corrida pela liderança tecnológica para saber quem vai liderar a economia do conhecimento no futuro – neste sentido, podemos compreender essa guerra comercial com taxações e sanções de todo tipo contra a China e outros países”.
A desindustrialização nos Estados Unidos
David Adler, pesquisador e economista colaborador do Financial Times, afirma que, apesar de Apple, Alphabet (a nova denominação da Holding de empresas do Grupo Google), Microsoft, Amazon e Facebook estarem entre as maiores companhias do mundo – e de que os EUA ainda mantêm a liderança na pesquisa científica nas universidades –, a situação concreta em termos de capacidade de inovação e de produção nos EUA é preocupante para os interesses norte-americanos no longo prazo.
A Apple, por exemplo, produz suas mercadorias fora dos Estados Unidos. O mesmo é verdadeiro para outras empresas norte-americanas gigantescas como a Amazon. De fato, com a rede de fornecedores e o conhecimento necessário para a produção objetiva das mercadorias deslocadas principalmente para a Ásia, os Estados Unidos vão perdendo a capacidade de adquirir tecnologia para a produção destas mesmas mercadorias domesticamente. É assim que os EUA perdem a liderança na criação de inovação.
A teoria por trás dessa realidade é de que os países líderes da economia capitalista deveriam se preocupar fundamentalmente com Pesquisa & Desenvolvimento de novos produtos, deixando o processo da produção concreta e os subcontratos nos países periféricos. Adler constata em sua pesquisa que várias instituições norte-americanas assim como laboratórios de pesquisa patrocinados pelas corporações focadas em inovação foram fechados nos últimos anos, ao contrário de outros países desenvolvidos como Alemanha, Japão e Coreia do Sul que sustentam centros de pesquisa funcionando em seus respectivos territórios.
Para se ter uma ideia de que um verdadeiro processo de desindustrialização nos EUA é fato, dever-se-ia constatar que o emprego na indústria manufatureira caiu cerca de 30% desde o ano 2000. Quando nas décadas de 1980 essa desindustrialização estava centrada na indústria pesada do Nordeste e no Meio Oeste superior, no início dos anos 2000 mudou-se para a região chamada de Sunbelt (ou Cinturão do Sol, abarcando o sul e sudoeste deste país). Na medida em que fábricas eram fechadas nos EUA, o locus da produção manufatureira transportou-se para a Ásia. Por um lado, a indústria manufatureira nos EUA atualmente se situa em torno de 12% do PIB, comparada com 18% na Suíça, 22% na Alemanha.
Por outro lado, a produtividade do trabalho na indústria manufatureira dos EUA vem declinando. Segundo o Bureau de Estatísticas do Trabalho, dentre cerca de 51% do setor da indústria de bens duráveis, 34% registraram queda na produtividade em 2017, liderado pela indústria de equipamentos de transporte, com 11,5% de declínio. No setor de bens não duráveis, a produtividade caiu entre 20% e 35% nesses setores industriais (3).
As previsões de Karl Marx e Friedrich Engels se confirmam
Por um lado, desde 1967, a renda familiar média nos EUA – reajustada pela inflação – estagnou para 60% da população. Ao mesmo tempo, a renda dos mais ricos cresceu significativamente. Mudanças na Europa – embora menos severas – apontam na mesma direção. Os lucros das grandes empresas, por outro lado, estão em patamares mais elevados desde a década de 1960 – sendo que essas corporações optaram por poupar esses lucros ao invés de investi-los –, prejudicando a produtividade e os salários de seus trabalhadores. Todas essas mudanças foram acompanhadas por redução da democracia e sua substituição pelo domínio tecnocrático das elites globalizadas. Marx e Engels não se surpreenderiam, se vivos estivessem, pois eles previram que a lógica do capitalismo levaria o sistema a provocar desigualdades crescentes, desemprego e subemprego crônicos, estagnação salarial e o domínio das grandes empresas que passam a barrar o progresso social.
Marx acreditava que a pressão dos proprietários das empresas para acumular capital sob as condições de concorrência do mercado levaria a resultados parecidos aos que assistimos na atualidade. Ele argumentou que o lucro gerado pela elevação do nível de produtividade do trabalho proporcionada pela inovação tecnológica seria em grande parte apropriado pelos donos do capital. “Mesmo quando os salários reais estão subindo”, escreveu ele, “nunca se elevam proporcionalmente ao poder produtivo do trabalho”. Em palavras mais simples, os trabalhadores sempre iriam receber menos do que adicionam à produção, elevando o lucro dos proprietários de empresas levando à desigualdade e à miséria.
Marx também diagnosticou que a competição entre os capitalistas para reduzir os salários os obrigaria a introduzir tecnologia que economizaria trabalho. Com o tempo, essa tecnologia eliminaria empregos, criando uma parcela da população permanentemente desempregada e subempregada. Entre outros fenômenos, Marx achava que a concorrência levaria a uma concentração maior nos setores econômicos e entre estes setores, à medida que as empresas maiores e mais lucrativas tirassem as empresas menores do mercado. Como essas empresas maiores seriam mais competitivas e tecnologicamente avançadas, elas desfrutariam de excedentes cada vez maiores. No entanto, esses superávits também seriam desigualmente distribuídos, a exemplo dos fenômenos anteriormente descritos.
Nos Estados Unidos, durante quarenta anos pós-1973, a produtividade aumentou cerca de 75%, enquanto os salários cresceram apenas 10%. Para os 60% das famílias mais pobres, o salário estagnou. Isso comprovou a tese de Marx de que a tendência do capitalismo, no longo prazo, era formar um sistema no qual os salários reais não acompanhariam os aumentos de produtividade. Thomas Piketty observou que a taxa de retorno sobre o Capital é maior do que a taxa de crescimento econômico, garantindo que a diferença entre aqueles cujos rendimentos derivam dos bens de Capital e aqueles cujos rendimentos derivam do trabalho crescerá com o tempo. Estes fenômenos estão em curso atualmente e medidas tópicas como as que Trump procura tomar certamente não poderiam alterar o problema sistêmico do capitalismo.
Iniciativas geopolíticas do governo Trump
A cúpula recente realizada em Helsinqui, na Finlândia, é um bom exemplo de como os EUA procuram reagir tentando cindir um eixo forte que se estabeleceu entre a Federação Russa e a República Popular da China, na Eurásia. Em realidade, o governo Trump atua baseado em uma determinada visão de mundo, uma estratégia previamente estabelecida, e não – como certo tipo de mídia procura apresentar – porque o presidente norte-americano seria um tresloucado e impulsivo negociante. Eles estão focados em recuperar a capacidade de liderança norte-americana no mundo, mas para isso entram em contradição com setores do establishment – principalmente os setores financeiros e de grandes empresas multinacionais dirigidas por estadunidenses.
O presidente dos EUA escolheu como forma de comunicação com a população e com o mundo político o formato de Tweets. Pronunciado diante do Congresso Norte-Americano no dia 30 de janeiro de 2018, o primeiro discurso oficial sobre o Estado da União de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, neste ano, traz em si elementos que podem ajudar a compreender as linhas em curso da sua política e do seu pensamento.
“Uma nova onda de otimismo toma conta da Nação”. Com esta demonstração de otimismo, logo na abertura de seu discurso, Donald Trump busca aparentar domínio e confiança diante do quadro de conflitos do seu primeiro ano de administração.
Importante observar que esses desafios não se dão exclusivamente no âmbito da administração de um governo. O establishment cria suas próprias instituições, como a Comissão Trilateral, fundada em 1973 (4), como relata um de seus coordenadores, o professor da Universidade de Harvard, Joseph S. Nye: “após o presidente Richard Nixon, unilateralmente, ter imposto tarifas aos aliados dos EUA, sem aviso prévio, ignorou o sistema do Fundo Monetário Internacional e deu continuidade a uma guerra impopular no Vietnã. (…) o medo do terrorismo disseminou-se e os especialistas expressaram preocupação com o futuro da democracia”.
Agora, da mesma maneira, a Comissão Trilateral reunida em Cingapura este ano manifestou sua preocupação com o declínio da liderança norte-americana a partir da Ásia. Segundo seus participantes, todos os países asiáticos agora negociam mais com a China do que com os EUA, muitas vezes na proporção de dois para um. Esse tipo de alerta foi exacerbado pela recente imposição de tarifas e manifestações do presidente Trump de desprezo pelas instituições multilaterais. Na verdade, os membros da Comissão Trilateral já começam a desenhar cenários para a era pós-Trump, propondo que os EUA terão de reaprender as lições de usar o poder em conjunto com os outros, assim como sobre os outros. “Em outras palavras”, afirma Nye, “os EUA terão que usar seu poder de persuasão (soft power) para criar redes e instituições que lhes permitam cooperar com China, Índia, Japão e Europa e outros países para lidar com problemas transnacionais – por exemplo, estabilidade monetária, mudanças climáticas, terrorismo e ciber-crime – que nenhum país pode resolver unilateralmente”.
Perguntado sobre quais seriam as consequências de uma guerra comercial contra a China, Nye afirma que uma guerra comercial deste tipo reverberaria pelo sistema e enfraqueceria instituições como a Organização Mundial do Comércio (OMC). Isso seria muito ruim não somente para os Estados Unidos e para a China, mas para muitos outros países.
O lema America First
A bandeira levantada por Donald Trump do America First não é exatamente inovadora. Já foi desfraldada antes em outros governos, significando a política isolacionista, o protecionismo em política comercial e o combate ao multilateralismo. No caso atual da política populista de direita levada a cabo por Trump, o America First trata de contestar a cooperação multilateral, abrindo espaço para tornar o mundo mais vulnerável às crises financeiras, às pandemias e às migrações em massa involuntárias.
Com este lema, Trump se propõe desagregar o arcabouço multilateral construído no pós-Guerra a partir de 1945, quando foram concebidos o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a General Agreement on Tariffs and Trade, GATT, que mais tarde se transformou em Organização Mundial do Comercio, a OMC. Todas estas instituições estavam em linha com os EUA, o país líder que emergiu como o grande capitalizador pós-Guerra Mundial. A última reunião do G-7 (Grupo formado pelas grandes economias capitalistas – EUA, Canadá, Alemanha, Japão, Reino Unido e Itália), que se reuniu em Charlevoix, no Canadá, deu bem a dimensão dessa linha política trumpista: pela primeira vez em sua história, os EUA deixaram de assinar uma resolução final do G-7, além de já terem se retirado do Acordo Transpacífico de Livre Comércio, da Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento, do Acordo de Paris sobre o Clima, do Acordo nuclear com o Irã e de ter atacado publicamente o líder do país anfitrião da reunião, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau. Todos os outros seis países signatários do G-7 saíram da cúpula contrariados com a política de taxação determinada pelo governo norte-americano em relação a vários itens de sua pauta de importações, como o aço e o alumínio.
Estabelecendo um contraste visível, enquanto estavam reunidos no Canadá expondo fraturas internas entre os EUA e os seis países do G-7, do outro lado do mundo realizava-se em ambiente de solidariedade a cúpula dos países da Organização de Cooperação de Xangai, na cidade chinesa de Qingdao. China, Rússia, Índia, Paquistão, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzbequistão, entre outros países observadores, trabalharam para elevar a cooperação de países da Eurásia a um novo patamar de articulação envolvendo infraestruturas comuns e créditos para o desenvolvimento da região.
Ou seja, estabelece-se um processo de compartimentalização geopolítica no mundo que certamente não é favorável aos interesses do chamado Ocidente. Do ponto de vista da questão da segurança hemisférica, a política do America First também afeta a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), quando os EUA pressionam os países membros a investirem mais recursos nesta organização militar, e seus aliados europeus contestam dizendo que os aumentos de gastos não seriam direcionados ao orçamento da Otan ou ao pagamento de proteção aos Estados Unidos, mas sim ao aprimoramento das capacidades de defesa de cada país. Outro fato que não se pode esquecer é que a campanha do Brexit, no Reino Unido – referendo realizado em 23 de junho de 2016 –, foi francamente apoiada pelos EUA, que desta maneira contribuíram para o enfraquecimento da União Europeia.
O quadro internacional que foi alterado substancialmente por Trump, desde o início de seu mandato em 2017, remete para um processo de combate ao multilateralismo construído por vários governos estadunidenses por décadas: sua política externa deu a largada exatamente com o rompimento por parte dos EUA de sua participação no Trans-Pacific Partnership (TPP), que havia sido acalentado durante dois anos de intensas negociações da diplomacia comercial norte-americana junto a onze países do Pacífico, que tinha como pano de fundo a tentativa de isolar a China de seus vizinhos asiáticos e sul-americanos.
Depois foi a vez de Trump romper o acordo mundial de Paris, sobre mudanças climáticas, alcançado em 12 de dezembro de 2015. Tal acordo apresenta um plano de ação destinado a limitar o aquecimento global a um valor “bem abaixo” dos 2 °C, e abrange o período a partir de 2020. E seguindo a linha de liquidar os acordos e tratados multilaterais arquitetados principalmente durante as duas gestões dos governos Barack Obama, Trump anunciou que iria romper com o North American Free Trade Agreement (Nafta), envolvendo as economias dos EUA, do Canadá e do México.
Essa mesma linha de raciocínio da política externa desembocou no décimo sexto mês do governo Trump na retirada dos EUA do acordo duramente imposto ao Irã sobre a questão nuclear, que obteve o apoio de outros países, Rússia, França, China, Inglaterra e EUA – o chamado grupo P5 + 1, cinco membros do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha –, que aceitaram encerrar as sanções ao Irã ligadas ao programa nuclear iraniano, em troca de sua interrupção.
Os equívocos sobre a retomada dos empregos
A certa altura do arrazoado sobre o Estado da União, Trump afirma terem sido criados 2,4 milhões de novos empregos, incluindo 200 mil vagas apenas no setor manufatureiro. Após anos de estagnação no crescimento dos empregos, disse o presidente, “estamos finalmente assistindo aumento de salários”. Na realidade esta informação não é correta, pois durante o ano de 2016, sob a presidência de Barack Obama, o aumento médio dos salários foi da ordem de 2,9%, enquanto o aumento médio em 2017 – o primeiro ano do mandato de Trump – foi inferior, na casa dos 2,5%.
“Como havia prometido ao povo norte-americano aqui mesmo desta tribuna do Congresso, assinamos o maior corte de impostos da história do nosso país”, afirmou o presidente sobre a questão da reforma fiscal proposta pelo Executivo.
Comparando-se essa reforma assinada por Trump com a realizada pelo presidente Ronald Reagan, em princípios da década de 1980, pode-se verificar que as medidas de Trump ficam aquém dos cortes promovidos por Reagan, da mesma forma como os cortes feitos após o final da Segunda Guerra Mundial. A análise feita pelo Comitê por um Orçamento Federal Responsável verificou que os cortes de impostos de Trump ficaram apenas em oitavo lugar, em grandeza, desde 1918. E os maiores beneficiados foram os mais ricos e não os mais pobres.
Sobre o futuro do país
“Nesta noite gostaria de falar sobre que tipo de futuro almejamos, e sobre que tipo de Nação iremos constituir. Todos nós, juntos, como um só time, um só povo, e uma só família norte-americana”, proclamou o presidente, completando: “Nós todos compartilhamos a mesma casa, o mesmo coração, o mesmo destino, e a mesma bandeira norte-americana. Juntos, estamos redescobrindo o caminho da América”.
Esses conceitos tradicionais dos valores norte-americanos vão sendo contraditados pelas medidas e ações concretas do governo Trump, em quase todas as frentes ligadas à cidadania, como, por exemplo, a sua posição em relação ao machismo diante do surto de denúncias de mulheres assediadas sexualmente. Da mesma maneira, neste ponto o governo Trump terá de explicar a revolta que seu mandato inspirou com o movimento nacional das mulheres por seus direitos — logo após a posse como 45º presidente norte-americano — e a revolta dos jovens secundaristas que se espraiou por todos os estados de norte a sul. Os estudantes – diante de vários casos de assassinatos em massa de jovens em escolas e universidades por atiradores armados de sofisticadas armas de fogo – marcharam em mais de 800 cidades norte-americanas pela proibição da venda de armas automáticas, carregadores de munição para fuzis, e por regras mais rígidas para a checagem de antecedentes de quem compra armas de fogo.
Cuidados com a energia e a indústria
Num ponto-chave das disputas mundiais, em termos de controle de fontes de energia, Trump afirma que: “Acabamos com a guerra contra as fontes de energia nos Estados Unidos”, referindo-se às políticas adotadas no governo Obama para a redução de gases de efeito estufa contra a camada de ozônio. Neste sentido o governo tomou providências para eliminar as leis que obrigavam as empresas produtoras de automóveis a reduzirem os efeitos poluidores dos carros. E retomou o projeto de construção de um grande gasoduto do estado do Alasca para as regiões produtoras de manufaturas no norte do país.
Não há nada de novo nesta afirmação. Os Estados Unidos exportam durante muito tempo todo tipo de energia e estão exportando ainda mais. Aqui será preciso afirmar que a produção de energia deslanchou em administrações anteriores à de Trump, especialmente no caso de Barack Obama – o que faz com que as acusações de guerra contra a produção de energia fiquem sem sentido. Os avanços na fracturação hidráulica, o fracking – antes que Trump pudesse se converter em presidente –, tornaram economicamente viável o aproveitamento em grande escala das reservas de gás natural do subsolo norte-americano. A produção de petróleo também aumentou muito, reduzindo as importações.
“Nas cidades produtoras de manufaturas como Detroit, interrompi a saída de fábricas como a Chrysler, Toyota e Mazda”. Mais um equívoco do discurso de Trump, já que a indústria automobilística estava abrindo e expandindo fábricas desde antes da posse do atual presidente. A fábrica Toyota, por exemplo, inaugurou uma grande planta no Mississipi em 2011, assim como a Hyundai no Alabama em 2005. A Tesla adquiriu e modernizou completamente uma antiga fábrica para produzir veículos elétricos.
Sobre questões de Saúde Pública
Neste ponto de seu discurso, Trump faz promessas de baixar o custo de remédios e de tratamento de doentes em fase terminal, o que contrasta abertamente com a política que defendeu em sua campanha presidencial, quando se propôs desmontar o programa aprovado por Obama a duras penas em seu mandato – que permitia acesso ao seguro de saúde a pessoas que não podiam financiar um plano privado. Trump prometeu, naquela ocasião, implementar um sistema que seguiria “princípios do livre mercado”.
Protecionismo comercial
“A América finalmente virou a página de décadas de comércio desleal que sacrificava nossa prosperidade transportando nossas empresas, nossos empregos e a nossa riqueza nacional para outros países”, disse Trump afirmando que a era da submissão estava terminada e que de agora em diante esperava que as relações comerciais com o mundo passariam a ser positivas e reciprocamente favoráveis.
As medidas recentes com a declaração de guerra comercial com o mundo inteiro desmentem na prática esse tipo de enunciado. Desde as taxações de 25% na importação de aço e de 10% na taxação de alumínio, a escalada de taxações de produtos importados principalmente da China e da União Europeia só vem provocando divisões e instabilidades com os principais aliados dos Estados Unidos e também com os principais concorrentes. A questão é que esse tipo de protecionismo acaba no médio e longo prazo afetando as próprias indústrias norte-americanas, pois o aumento do preço de commodities e produtos industrializados incide em elementos importantes das cadeias produtivas internas.
Reconstrução da infraestrutura
Um dos pontos importantes, também citados à exaustão durante a sua campanha, foi a tarefa de reformar e modernizar a infraestrutura dos Estados Unidos, que estão se deteriorando se a comparamos com o que outros países desenvolvidos podem oferecer aos seus habitantes hoje em dia. O fato é que ainda não se encontrou uma solução legislativa para um investimento necessário de mais de um trilhão e meio de dólares. Nesta hora Trump coloca como responsabilidade do Congresso o fato de ainda não haver uma solução para encarar o desafio.
Mais uma vez, Trump desfia promessas de reverter a situação de salários baixos para a imensa maioria dos trabalhadores norte-americanos. Com o processo da globalização, quando inúmeras fábricas dos Estados Unidos foram transferidas para outros países em busca de salários mais baixos, ou em busca de maiores lucros, os trabalhadores nos EUA sofreram a perda de postos de trabalho. Esta é a razão principal da atual situação dos baixos salários norte-americanos. Para reverter a situação, não basta aumentar o número de escolas profissionais ou baixar os impostos, pois estes recursos que as grandes corporações economizam com impostos menores não vão para o aumento de salários de seus trabalhadores, mas para o investimento em avanços tecnológicos que frequentemente fazem com que se eleve a produtividade das máquinas, e não a produtividade do trabalho.
A política de imigração
A questão da imigração para Trump tem um valor especial desde sua campanha. Ele chegou a declarar que pretendia deportar cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais e iria barrar totalmente a entrada de imigrantes muçulmanos nos Estados Unidos. Em seu discurso sobre o Estado da União, ele promete reformar as prisões para dar uma segunda chance aos prisioneiros. Criticou também a política de fronteiras abertas, fato que objetivamente não sucedeu, argumentando que é por elas que entram as drogas consumidas nos Estados Unidos. Desta maneira volta a defender a construção de um muro na fronteira com o México, como se esse fato fosse resolver os problemas de aumento da criminalidade. O mundo já aprendeu que muros não resolvem os problemas da sociedade. O muro de Berlim, o muro construído por Israel na Palestina e tantos outros muros não resolveram problemas econômicos e sociais.
O assunto é encerrado com uma reafirmação de que, embora se preocupe com as crianças e os “necessitados de todo o mundo”, seu dever como presidente é com as crianças, os jovens e trabalhadores do seu país – numa tentativa de angariar apoio popular para a pauta do Partido Republicano, numa estratégia eleitoral para o pleito legislativo de novembro, que será um momento decisivo para a sustentação política do seu governo.
Política de combate às drogas
A abordagem sobre política antidrogas foi feita logo em seguida ao anúncio das reformas imigratórias, vinculando e minimizando o problema em linhas gerais à questão da imigração e do controle de fronteiras. Durante o discurso, Trump apela à questão emocional ao citar o caso de um policial que adota os filhos de uma dependente química, no entanto não cita caminhos para enfrentar a temática na perspectiva da saúde pública, do comércio interno ou de um debate mais amplo como a descriminalização de drogas consideradas leves, por exemplo.
Política externa
Em um trecho mais longo de seu pronunciamento, Trump define como os principais inimigos dos EUA no mundo o que ele chama de “regimes corruptos, grupos terroristas e os países rivais como China e Rússia”, que desafiam os interesses estadunidenses, sua economia e seus valores. Volta a bater na tecla do combate ao terrorismo como um dos eixos da política externa do seu governo.
É perceptível o tom isolacionista, unilateral, protecionista e xenófobo da política de seu discurso em relação a outros países. Além disso conclama o Congresso Nacional a destinar recursos maiores às Forças Armadas que, de acordo com o presidente, precisa modernizar e reconstruir seu arsenal nuclear.
A manutenção da prisão da base em Guantánamo, ponto sensível das relações externas do país, também foi abordada no discurso. Trump declarou que estava mantendo outra de suas promessas de campanha que seria decretar a manutenção da prisão de Guantánamo. Esta declaração, no entanto, é meramente retórica já que o próprio Congresso norte-americano se pronunciou contra o fechamento desta prisão.
Outro ponto relevante, dentro do tema Questão Nuclear com o Irã, foi tratado como uma questão de solidariedade internacional com o povo iraniano. Essa afirmação busca se sobrepor à decisão do atual presidente de se retirar do acordo nuclear com o Irã, à revelia dos outros países signatários, provocando profunda divisão e descontentamento especialmente com a Alemanha, a França, a Rússia e a China.
Sobre as relações com Cuba, Donald Trump recuou praticamente em todos os acordos firmados pela administração anterior, de Barack Obama, no sentido de normalizar as relações diplomáticas com Cuba. A embaixada, no entanto, continua funcionando, apesar de uma denúncia nunca comprovada de que os funcionários estadunidenses teriam sido atingidos por uma força sônica nunca comprovada. Já no caso da Venezuela, em agosto de 2017, Trump anunciou: “Temos muitas opções para a Venezuela, incluindo uma possível opção militar se for necessário”. No seu discurso, reafirmou que sua administração continuará impondo fortes sanções ao que denomina “ditaduras comunistas e socialistas” em Cuba e Venezuela.
Sobre o tratamento da crise com a Coreia do Norte, destacou:
Apesar de toda a agitação política promovida por Trump em relação à Coreia durante seu discurso sobre o Estado da União, por interesses geopolíticos e como forma de enfrentar problemas de política interna conjunturais, Trump foi obrigado pela posição decidida do povo coreano e de suas Forças Armadas a estabelecer um acordo provisório com a liderança da República Popular Democrática da Coreia e seu líder Kim Jong Un. Em troca de uma declaração do compromisso com a desnuclearização completa da península coreana, os EUA se comprometeram a não mais realizar exercícios militares conjuntos que tinham por objetivo eventual ataque ao norte do paralelo que divide atualmente as duas Coreias.
O destino norte-americano
O discurso de Trump foi encerrado evocando os conceitos de liberdade, trabalho e tradição do povo estadunidense e buscando criar simpatia no soft power da ciência e da arte. O fato é que Donald Trump chegou ao seu primeiro discurso sobre o Estado da União com 39% de apoio popular (e destes apenas 35% eram de mulheres) e 57% de desaprovação – o nível mais baixo de apoio de qualquer presidente dos EUA na era moderna, em seu primeiro ano de mandato.
Ademais 67% dos entrevistados creem que o país está mais dividido do que antes de sua chegada à Casa Branca. A pesquisa foi encomendada pelo periódico Wall Street Journal e pela NBC News.
A professora Nancy Fraser chega ao seguinte raciocínio, quando faz o balanço da política aplicada por Donald Trump até agora: “Certamente, há muito o que temer de uma administração Trump racista, anti-imigrantes e antiecológica. No entanto, não deveríamos entrar em luto nem pela implosão da hegemonia neoliberal, nem pelo desmantelamento do poder do clintonismo (da família Clinton) sobre o Partido Democrata. A vitória de Trump foi uma derrota para a aliança entre emancipação e financeirização. Mas sua presidência não oferecerá nenhuma resposta à crise atual, nenhuma promessa de um novo regime, nenhuma hegemonia segura. O que veremos, em vez disso, é um interregnum, uma situação instável de abertura em que novas mentes e corações poderão ser conquistados. Nesta situação, não há apenas perigo, mas também oportunidade: é a chance de construir uma nova esquerda”.
Podemos afirmar, ao final, baseados na análise da peça apresentada ao Congresso Norte-Americano, que seu discurso não reflete o verdadeiro clima de controvérsias que domina o quadro político nos Estados Unidos desde o início do seu mandato. É perceptível que há contradições abertas entre as ideias e as ações da plataforma de Trump e as estratégias do establishment estadunidense sobre como levar adiante a hegemonia contestada dos EUA pelos novos polos de poder mundial na atual conjuntura.
Notas
(1) Foram demitidos ao longo deste ano e meio de mandato: o secretário de Assuntos ligados aos Veteranos de Guerra, David Shulkin; o secretário de Estado Rex Tillerson; o chefe da Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) Scott Pruitt; o assessor de Segurança Interna da Casa Branca Tom Bossert; o secretário de Saúde Tom Price; o estrategista-chefe responsável por dirigir a campanha presidencial de Trump, Steve Bannon; a diretora de comunicação Hope Hicks que já havia substituído Anthony Scaramucci como Diretor de Comunicação da Casa Branca; o secretário de Imprensa da Casa Branca Sean Spicer; o Chefe de Gabinete de Trump, Reince Priebus; o chefe do Federal Bureau of Investigations (FBI), James Comey; o Assessor de Segurança Nacional Michael Flynn, o seu substituto, o general H. R. McMaster que, por sua vez, foi substituído por John Bolton.
(2) Nancy Fraser é autora, mais recentemente, de Fortunes of Feminism: From State-Managed Capitalism to Neoliberal Crisis (Fortunas do Feminismo: do Capitalismo de Estado à Crise Neoliberal, em tradução livre).
(3) Productivity and Costs by Industry: Manufacturing and Mining Industries – 2017 (News Release), US Department of Labor Bureau of Labor Statistics, April 19, 2018.
(4) A Comissão Trilateral foi fundada em 1973 por iniciativa de David Rockefeller, o presidente do poderoso banco Chase Manhattan, diretor de diversas empresas multinacionais e de fundações isentas de impostos. Entre os cerca de 300 membros iniciais, estavam acadêmicos, políticos, magnatas da indústria, banqueiros internacionais, líderes de centrais sindicais e diretores dos gigantes da mídia.
Referências
BUZAN, Barry; HANSEN, Lene. A evolução dos Estudos de Segurança Internacional. São Paulo: Unesp, 2012.
FERNANDES, Luís. Vitória de Trump é uma “mini revolução política” nos Estados Unidos. 2016. Portal Vermelho, 11-11-2016. Entrevista concedida a Humberto Alencar. Disponível em: < http://www.vermelho.org.br/noticia/289569-1>. Último acesso em: 24 de jun. 2018.
NYE, Joseph S. A liderança dos EUA na Ásia pode sobreviver ao governo Trump. O Estado de S. Paulo, 21 de abril de 2018.
SILVA, Marco A. M. Teoria Crítica em Relações Internacionais. Contexto Internacional, Rio de Janeiro, vol. 27, n. 2, julho/dezembro 2005, p. 249-282.
SOLANA, Javier. O crack up ocidental. Project Syndicate, 21 de junho de 2018.