Unidade e luta sempre

A convergência em torno da agenda da reconstrução nacional há que ser cultivada a todo instante. Na operação administrativa e na expressão pública do governo.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

É preciso construir um arco-íris vivo e ativo, não uma mistura descolorida e anódina. Eis um princípio tático comprovadamente válido em qualquer circunstância política.

Como no ambiente da ampla e diversificada frente política e social que se ajuntou para vencer o último pleito presidencial e dá base ao presidente Lula para governar.

A convergência em torno da agenda da reconstrução nacional há que ser cultivada a todo instante. Na operação administrativa e na expressão pública do governo.

Concomitantemente, há um terreno igualmente fértil e desafiador: o constante debate no interior do governo, que repercute junto aos segmentos sociais mais atentos, em torno de alternativas nem sempre convergentes para o enfrentamento dos inúmeros desafios em pauta.

Por exemplo, o enfrentamento dos condicionantes macroeconômicos que incidem praticamente sobre todas as ações relevantes do governo e contempla poderosos interesses internos e externos, inclusive parcialmente representados na coalizão governista.

Superá-los é necessário – porém não é nada simples a adoção de alternativas técnicas concretas, nem a operação política correspondente.

Tudo, ou quase tudo, passa pelo parlamento. E a correlação de forças na Câmara e no Senado segue muito adversa. Implica em acordos complexos no conteúdo e desgastantes na prática.

O novo arcabouço fiscal, por exemplo, alvo de penosa negociação entre o governo e as duas casas legislativas, resultou em quase nada além de uma maior racionalidade na cobrança de tributos. 

A esquerda personificada no governo na própria figura do presidente Lula, do seu partido e aliados mais próximos, cabe um exercício hábil e consequente da equação unidade e luta.

Na literatura revolucionária, certamente é na obra Esquerdismo, Doença Infantil do Comunismo, de Lênin, que essa questão terá sido abordada com inequívoca propriedade.

O líder da revolução russa assevera que antes, durante e depois da conquista do poder a força política hegemônica celebrou um sem número de acordos, inclusive com segmentos momentaneamente subtraídos das hostes tzaristras ultraconservadoras, todos indispensáveis ao avanço do movimento. 

Porém sem se diluir jamais. Feito o óleo e a água.

Essa anotação tem tudo a ver com o imenso desafio que é ajudar o governo Lula a dar certo. Uma empreitada que caminha já no segundo ano e requer a todo instante o debate de ideias consequente.

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