Qualquer que seja o desfecho da crise política, depois de mirabolantes episódios do barata voa, o ano de 2016 será muito difícil para os trabalhadores e para o movimento sindical.
Como dizem os portugueses, o pior das consequências é que elas vêm depois. Com o rompimento da barragem de contenção que servia à mineradora Samarco e acumulava os restos das operações para extração de minério, em Mariana, uma avassaladora onda de lama e de sujeira tóxica invadiu os lugarejos e cidades da região e contaminou toda a bacia, já degradada, do rio Doce. Hoje ele está um rio morto.
Além do sentimento de indignação causa perplexidade o uso brutal e exagerado da força, pela polícia militar de São Paulo, a serviço (polícia mineira) da Cosipa para reprimir os trabalhadores e dirigentes sindicais que manifestavam na portaria da empresa, em Cubatão, na madrugada da quarta-feira, (11).
Apenas os brasileiros com sua criatividade irresponsável sabem inventar a crise crônica e a conjuntura de um dia só, pontuando uma semana de vários dias D.
Em momentos como o que vive o Brasil, em que vaca estranha bezerro, é muito importante que alguém mantenha a razão lúcida e a confiança em suas próprias ideias e propostas, em sua experiência.
Muitos especialistas em estratégia militar opinam que os russos não foram derrotados em 1812 e em 1941 porque não queriam ser derrotados.
Nesta quadra conturbada que vivemos três preocupações grandes devem ser as do dirigente sindical consciente.
A geleira endurecida pingou três gotas de água. É muito pouco, mas, com otimismo, pode prefigurar o degelo.
Depois de meses de embates jurídicos em três níveis da Justiça do Trabalho em Brasília e com algumas peripécias de um filme de Roberto Farias, a Confederação Nacional das Profissões Liberais (CNPL) conseguiu que um juiz determinasse a anulação do registro sindical da Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários (CNTU), o que a secretaria de Relações de Trabalho do ministério do Trabalho e Emprego executou com presteza.
O livro organizado pela professora Marta Arretche, da USP, “Trajetórias das Desigualdades – como o Brasil Mudou nos últimos 50 anos” merece ser lido e estudado.
Estamos testemunhando no Brasil, em 2015, a inversão simultânea e acelerada das curvas que vinham marcando positivamente o emprego e os ganhos de salários.