O descaso de Bolsonaro diante das necessidades do povo e do país

A suspensão do pagamento da segunda parcela do auxílio emergencial previsto para esta quinta-feira (23), sob a alegação de que não há dinheiro, revela, mais uma vez, a insensibilidade do governo Bolsonaro com o drama do povo. Milhões de brasileiros, que já vivem enormes dificuldades devido ao desemprego e ao trabalho informal, agora vivem as agruras provocadas pela pandemia daCovid-19. Enfrentam filas na Caixa Econômica Federal (CEF) e na Receita Federal para obter o direito ao benefício, buscando meios de saciar a fome. Expõem ao risco de contaminação pelo coronavírus.

O descaso do governo Bolsonaro se manifesta também nos investimentos em infraestrutura, como ficou demonstrado na apresentação do Pró-Brasil, com um valor irrisório de R$ 30 bilhões (equivalente a uma parcela do auxílio), para impulsionar a retomada das obras. Algumas destas, apresentadas como novas, já em curso e outras até concluídas.

O plano espera contar com mais R$ 270 milhões da iniciativa privada, que também enfrenta dificuldades. Ou seja: o governo não aponta saídas efetivas para a dramática situação em que se encontra o povo e o país.

O investimento público de R$ 30 bilhões anunciados pelo ministro da Casa Civil, general Braga Neto – o piloto do plano –, corresponde ao que o atual governo e seu antecessor cortaram apenas na área da Saúde. A perspectiva de atrair investimentos privados para completar os R$ 300 bilhões prometidos se mostra uma miragem, diante do quadro de retração global e aversão de investidores estrangeiros ao Brasil.

Mesmo esse valor irrisório é contestado por Salim Mattar, secretário especial de Desestatização, que afirma não ter disponibilidade de recursos para o Pró-Brasil. “O Plano Marshalll (que financiou a reconstrução de países aliados na Europa após a Segunda Guerra Mundial) dependeu do governo americano, e não temos dinheiro sobrando. É um plano muito embrionário”, afirmou. A declaração de Mattar expõe desarmonia interna do governo, comprovada com a ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no anúncio do Pró-Brasil.

Sem previsão real de recursos, o Pró-Brasil parece muito mais uma peça de propaganda oficial do que um programa governamental com metas e objetivos claros. A peça publicitária revela ainda a insensibilidade do governo ao usar uma imagem de um grupo de crianças em que todas são brancas e que foi utilizada também em propagandas feitas no Irã e na Dinamarca. Bolsonaro, além de irresponsável e cruel, demonstra ignorância em relação à diversidade do povo brasileiro.