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Antonio Carlos Affonso Santos: deu no Estadão

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Na cidade de Itamarandiba, em Minas Gerais que conta com trezentos habitantes, algumas donas de casa, pessoas simples e com pouca escolaridade, em curto espaço de tempo conseguiram a proeza de elevarem-se socialmente. Muitas delas trocaram as mobílias de casa, compraram televisores de LCD, compraram antenas parabólicas e com televisão por satélite, roupas novas para a família toda com direito a reforma da casa, com banheira de hidromassagem e tudo. Algumas delas compraram vacas e porcos, além de cavalos de sela e arreios, charretes e fuscas Fafá-de-Belém e tratores outras fizeram lipoaspiração, cirurgia plástica no nariz e nos seios e etc. É voz corrente que os homens estão enciumados, porém eles concordam que elas têm direito, já que elas é que ganharam o dinheiro.


 


 


-E o quê elas fizeram?


 


 


Bem, segundo o arguto e loquaz soldado militar e responsável pela única cadeia pública de Itamarandiba, soldado Barromeu, a primeira que ganhou a sorte grande, foi a Dona Geralda.


 


 


-E como ela ganhou dinheiro? –  perguntou o repórter.


 


 


O Barromeu assim falou: ela tava distrinchano um franguinho pra mode fazê no armoço do domingo. Cuma tudo mundo sabe, o cumpade Airto Vidotti gosta demais da conta de franguim cum quiabo i angu a Cumade Gerarda tava lá tratano do franguim. Quando apartô a muela, ela achô uma porção de caco de vidro drento da muela. Mai, pra mode as criança num buli com caco de vidro, a cumade tratô de moê os caco com um martelo. PUM, pum, pum ,pum e nada de quebrar os caco de vidro. Ela chamô o cumpade Airto e pum, pum, pum, pum e nada de moê os caco. Intão, ele foi falá co boticaro pra mode de que ele é muito sabido o boticaro disse que era dimais da conta pra sê vidro e mandô eis leva os caco de vidro pra Diamantina pra sê analisado. Vortaro treis dia dispois e pra surpresa e tudo mundo, os caco de vidro eram diamante e eis da cidade de Diamantina, cumpraro eis tudim, por um bom dinhêro.


 


 


-Na vórta, o cumpade e a cumadi vinhero de carro de praça logo eis que era pão duro que só veno E truxeram ropa nova pros fío, bola de capotão, espingarda cartuchera de dois cano, um pote pra água e ôtros trem que num tô me alembrano. Daí que tudo mundo ficô quereno sabê de tár acontecido. Eis falaro das coisa que assucedero e tuda as muié, saíram chamano as galinha no terrêro e tudo dia cada uma matava dois ô treis frango. I anssim, ficaro tudo bem arremediado.


 


 


Pergunta então o repórter: e as pessoas de Itamarandiba continuam encontrando diamantes?


 


 


– Agora é que num tá mai funcionano, pra mode de quê acabaro os frango de Itamarandiba e nóis tudo tamo importano frango de até de Riberão Preto.


 


 


-E de onde saíram tantos diamantes?


 


 


-Ara, isso nóis num sabe mêmo. Se subesse, acha que´eu tava aqui de conversa fiada?


 


 


O repórter ficou estupefato


 


 


 No outro dia a manchete do Estadão foi:


 


 


A Revolução Social Provocada pelas Galinhas de Brilhantes de Itamarandiba, onde o repórter contava tudo.


 


 


 


-Quem não acreditar, é só consultar o Estadão de trêis-ontonte ou então ler outros causos do ACAS.