Enquanto o exército paquistanês lança uma grande ofensiva no Vaziristão Sul, nos Estados Unidos intensifica-se o debate sobre o futuro do envolvimento no Afeganistão. Muitos comentadores estabelecem um paralelo com o atoleiro americano no Vietname. No terreno, as tropas estrangeiras enfrentam um inimigo que, para lá da retórica religiosa, dá provas de pragmatismo, tanto no plano táctico como político.
Por Patrick Porter, para o Le Monde Diplomatique
A empresa privada de segurança estadunidense Blackwater está realizando uma guerra secreta no Paquistão, que se traduz no sequestro e assassinato de supostos líderes do talibã e da al-Qaida, denunciou nesta quinta-feira o jornal americano The Nation.
Pouco depois que os principais assessores de Obama em política externa e segurança nacional se mostraram a favor do envio de pelo menos 30 mil soldados para o Afeganistão, o embaixador dos Estados Unidos em Cabul advertiu a Casa Branca contra um novo aumento de tropas.
"A morte de Baitullah Meshd, líder dos talibãs paquistaneses, será um grande acontecimento para Washington e Islamabad". Este comunicado que, uma vez mais, anuncia a morte de um ser humano causada pela guerra, é lógico que alegre os estrategistas dos países ocidentais que ocupam ilegalmente um país soberano da Ásia Central desde 2001.
O escritor Tariq Ali criticou o governo Obama por insistir na continuidade da Guerra do Afeganistão, em manter bases militares no Iraque e por pressionar fortemente o governo do Paquistão para que reprima a Al-Qaeda e os talebans paquistaneses. Em entrevista a O Estado de S.Paulo, ele diz que o governo paquistanês faz tudo o que os EUA mandam. Ali afirma ainda que, quanto mais os EUA reforçam a sua presença militar nestes países, maior é a resistência e mais violentos ficam os conflitos.
Há algumas semanas, o chefe da ONU em Cabul, um norueguês de cabeça dura, decidiu que as recentes eleições presidenciais foram corretas e que Karzai era um governante legítimo. O seu adjunto, Peter Galbraith, o representante não-oficial do Departamento de Estado, ficou enfurecido (já que os EUA estão descontentes com Karzai, que é a sua própria criatura) e assumiu uma posição pública. Foi demitido.
Por Tariq Ali
A promessa do exército paquistanês desenvolver uma forte ofensiva contra supostos talibãs no distrito tribal do Waziristão do Sul fez com que milhares de civis fugissem da região, limítrofe com o Afeganistão.