CTB/RN, Centrais e movimento sociais mobilizam o 1º de Maio em Natal 

Com um grande ato unificado, organizado pelas centrais sindicais, foi marcado o Dia do Trabalhador em Natal. Trabalhadoras e trabalhadores de várias categorias, sindicalistas de toda a capital potiguar e representantes de movimentos sociais se reuniram, a

A manifestação destacou a luta pela redução da jornada de trabalho sem diminuição de salários, reivindicação ressaltada por todos os que se pronunciaram. Além da CTB – Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil – e CUT – Central Única dos Trabalhadores –, organizadoras do evento, estiveram presentes a Central de Movimentos Populares, Movimento de Luta nos Bairros, Unegro, Quilombo, União da Juventude Socialista e DCE da UFRN, entre outras entidades.



Bandeiras dos trabalhadores



Outras bandeiras levantadas pelo ato foram as do fim do fator previdenciário e a ratificação das resoluções 158 e 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que impede demissões desmotivadas e garante aos servidores públicos direito à organização sindical e à negociação coletiva, respectivamente. Reformas democráticas – agrária, política, tributária, educacional e da mídia – também foram lembradas pelos manifestantes como fundamentais para o desenvolvimento do país.



Um dos pontos altos do encontro, aplaudido por todos os presentes, foi o pronunciamento do advogado e dirigente do Sindipetro-RN George Câmara, que lembrou o massacre de Chicago, em 1886, quando oito trabalhadores foram enforcados por dirigirem manifestações que se iniciaram no 1º de maio daquele ano. O petroleiro ressaltou que os chamados “mártires de Chicago” lutavam exatamente pela redução da jornada e pela melhoria das condições de trabalho.



Câmara ainda ressaltou que não há, hoje, nenhum país no mundo que não lute por essa diminuição da carga laboral, demonstrando que as bandeiras dos trabalhadores de Chicago continuam atuais. O sindicalista analisou que, no Brasil, mesmo com um governo avançado, a pressão patronal impõe uma jornada de trabalho vergonhosa. “Nossa Constituição já começou atrasada”, afirmou o dirigente. E continuou: “É necessário desengavetar o projeto de Inácio Arruda (PCdoB-CE) e Paulo Paim (PT-RS) e conquistar a jornada de 40 horas.”



João Oliveira, presidente do Sinte-RN e da CTB-RN, destacou, além da luta pela redução da jornada, a necessidade de ratificar as convenções 151 e 158 da OIT. O dirigente denunciou a recente demissão ocorrida em Natal, onde a fábrica Texita desempregou mais de 400 trabalhadores. “Se tivéssemos a resolução 158, impediríamos essas injustiças”, afirmou.



O dirigente também defendeu o fim do “fator previdenciário”, que reduz pensões e aposentadorias. Segundo ele, esse redutor é “absurdo, arbitrário e inconstitucional”. Oliveira diz, porém, que é necessário “ir além e estabelecer a nossa pauta”, afirmando que está na ordem do dia a luta pelas reformas democráticas. “As reformas urbana, agrária, política, tributária, educacional e a da mídia, necessárias e justas, apontando o rumo para uma sociedade sem preconceitos, livre, solidária, plural, que distribui riqueza, uma sociedade socialista”, concluiu.



Cedo na luta



As atividades para comemorar o Dia do Trabalhador começaram muito antes do encontro na Praia do Meio. Desde as 9 horas da manhã, sindicalistas da CTB-RN estavam na Igreja da Pedra, Redinha, numa concentração para coleta de assinaturas em favor da redução da jornada de trabalho.



Dirigentes sindicais distribuíram folhetos com o manifesto Pela União da Classe Trabalhadora, conclamando à “intervenção consciente e enérgica dos trabalhadores e trabalhadoras no processo político”, como forma de conquistar “um novo projeto de desenvolvimento nacional, fundado na soberania e na valorização do trabalho”.



Depois da coleta de assinaturas, os manifestantes seguiram em carreata pela Ponte Newton Navarro rumo à Praça dos Heróis.



 Ana Cláudia Salomão da Silva