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Luciana Santos defende foco feminino na reforma política

O debate sobre a reforma política ganhou um importante reforço com a realização do seminário "As mulheres e a Reforma Política", promovido pelo PT, PCdoB, PSB, PDT, as respectivas fundações partidárias e movimentos sociais, nesta terça-feira (10), em Brasília. A deputada Luciana Santos (PCdoB-PE) saudou a iniciativa por seu caráter estratégico em partilhar e influenciar as decisões em trâmite no Congresso Nacional.

"Temos que reunir as mulheres e privilegiar espaços que elevem a participação política da mulher", justificou. Ela, que também é vice-presidente do PCdoB, falou no último painel do dia, que enfocou a responsabilidade dos partidos com a prioridade das mulheres na reforma política.

Luciana disse que a construção histórica condicionou o papel de homens e mulheres no cenário político e social, relegando, inclusive, o papel das mulheres na história do país. Ela lembrou os exemplos de Catarina Paraguaçu e das Heroínas do Tejucupapo. Anita Garibaldi também foi lembrada como grande revolucionária, por suas lutas no Brasil e no exterior.

A parlamentar também citou Nísia Floresta, Maria Quitéria e Alzira Soriano como protagonistas, mas afirmou que a luta das sufragistas é o símbolo das lutas femininas. "As mulheres resistiram muito para serem aceitas na academia, nas artes e em tantos outros espaços, mas o marco das sufragistas, e a conquista do voto na década de 1930, é um ponto de inflexão da nossa luta".

Observando de uma perspectiva histórica, Luciana afirmou que a luta das mulheres pelo direito ao voto ainda está na história recente da nossa democracia. "Precisamos ter a noção da continuidade da luta dessas mulheres, inclusive em momentos revolucionários como o caso da Helenira Rezende e de tantas outras que deram a vida pela construção de direitos da democracia do nosso país", conclamou.

Espaços de atuação

A deputada continuou sua intervenção citando espaços importantes para a atuação das mulheres, como é o caso da Organização das Nações Unidas (ONU), que historicamente foi um palco importante das lutas femininas.

Para ela, a vitória da presidente Dilma tem um significado no imaginário popular que vai além da vitória política e alarga os horizontes da condição política da mulher. A determinação da presidente em formar um Ministério com pelo menos 30% de mulheres foi apontado pela deputada como uma forma de reafirmar esse papel político já no início do governo.

"Consciência de gênero e vontade política são coisas que têm de andar juntas", defendeu Luciana. Ela afirmou que no período de avanços na África, marcado pela atuação de Nelson Mandela, houve uma perseverança em afirmar o papel da mulher naquela construção política e esse é um bom exemplo a ser seguido.

Grande feito

A proposta apresentada pela Comissão da Reforma Política do Senado foi destacada como um grande feito. Luciana acredita que constituir uma proposta onde consta paridade em lista com alternância de gênero, em uma Casa conservadora e com predominância masculina como é o caso, devem ser saudadas como fruto da capacidade política das senadoras e da luta política no movimento feminista e em outros movimentos sociais.

A deputada encerrou lembrando que o legado construído pela bancada feminina no Congresso não pode ser desperdiçado e que o debate da reforma política deve levar em consideração a história das lutas femininas ao longo dos tempos e buscar horizontes cada vez mais amplos. "Nós somos das mulheres que não vamos desistir, nós vamos persistir e conquistar muito mais, nós temos perspectivas muito maiores", exultou.

O fato de fazer parte da maior bancada feminina da Câmara também foi lembrado. "Eu tenho orgulho de ser da bancada do PCdoB, que tem proporcionalmente a maior bancada feminina do Congresso. Dos 15 deputados, somos seis mulheres, que falam demais durante a reunião da bancada, mas falamos muito porque temos muito o que dizer e, assim como todas as mulheres deste país, falaríamos muito mais se tivéssemos oportunidade", finalizou Luciana.

Fonte: Ass. Dep. Luciana Santos