Campinas será base de projeto piloto do Detran-SP
Publicado 02/09/2013 13:43 | Editado 04/03/2020 17:16
O georreferenciamento de informações sobre acidentes de trânsito realizado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) servirá de base para o projeto piloto do Observatório de Trânsito do Detran de São Paulo. O objetivo da iniciativa é formar um banco de dados único, que reunirá informações dos órgãos de trânsito, Polícia Militar, Polícia Civil, secretarias de Saúde, SAMU e Corpo de Bombeiros, com intuito de organizar dados corretos sobre mortes e acidentes no trânsito e, assim, planejar melhor as ações de educação e prevenção.
A ideia foi apresentada, nesta semana, na sede da Emdec, onde representantes destes órgãos se comprometeram a construir conjuntamente um processo de coleta, sistematização e informatização dos dados recolhidos em um acidente pelos diversos agentes. Estes dados serão compilados pelo Detran e servirão como base de pesquisa para todos as instâncias públicas envolvidas. “A ideia é construir um sistema de planejamento e criar campanhas educativas a partir dos dados identificados e sistematizados para atingir o objetivo de reduzir a acidentalidade”, destaca o diretor Institucional da Emdec, Humberto de Alencar.
A Emdec organiza um Observatório do Trânsito local, em parceria com a Secretaria de Saúde e outros órgãos municipais e estadual, com apoio do Governo Federal. O projeto faz parte do Programa Trânsito Amigo, lançado recentemente pelo prefeito Jonas Donizette.
Desde 2009, o Departamento de Georreferenciamento e Sistematização de Dados da Emdec organiza o Caderno de Acidentalidade, que relaciona as ocorrências registradas por diversos órgãos da cidade, como PM, Polícia Civil, hospitais e Instituto Médico Legal. O material constrói um mapa da acidentalidade nas ruas de Campinas.
O trabalho serve de base para ações educativas e operacionais. “Detectamos com este trabalho os pontos de risco e classificamos por cores o tipo e severidade das ocorrências”, relata Daniel Nithack e Silva, chefe do setor. Ele destaca que a grande dificuldade na tabulação dos dados está nos erros cometidos nos boletins de ocorrência relacionados aos nomes das ruas, características do acidente e identificação das vítimas. Mesmo com estes obstáculos, a equipe da Emdec consegue fazer um balanço anual essencial, elencando as vítimas preferenciais do trânsito e as estatísticas que proporcionam uma visão geral dos acidentes nas principais vias.
De acordo com os dados preliminares do Caderno de Acidentalidade, em 2012 houve diminuição em 47,3% no número de mortes no trânsito do ano passado, comparado ao ano anterior. Em 2011, a Emdec constatou a morte de 148 pessoas no trânsito de Campinas e no ano passado a ocorrência caiu para 78 mortes.
As estatísticas mostram redução também no número de mortes de motociclistas, que caiu de 70 pessoas, em 2011, para 33 mortes no ano passado. O georreferenciamento da Emdec acompanha os relatórios de vítimas de trânsito por 180 dias.
O projeto piloto do Detran, apresentado por José Antonio Oka, assessor do presidente do Detran, Daniel Anemberg, pretende padronizar o registro dos acidentes . A ideia é que os diversos órgãos que lidam com saúde, segurança e trânsito tenham um formulário comum. A proposta é implantar um pareamento das informações dos boletins de ocorrência; qualificar e integrar as informações; facilitar visualização de fatores de riscos principais e reunir dados. O registro teria uma lista de dados e campos comuns, com regras de preenchimento e arquivamento dos dados.
“Temos dados importantes, como escolaridade, que são ignorados das estatísticas de acidentados”, relata Oka. Por exemplo, em 2011, 26% dos óbitos registrados pelo Detran no Estado de São Paulo eram pedestres. Destes, 42% tinham primeiro grau incompleto e em 36% era ignorado. “Este dado é importante para campanhas educativas”, avalia.
Uma próxima reunião acontecerá em São Paulo, ainda sem data. A sinalização é positiva para que o Estado de São Paulo e o Brasil possa cumprir a meta estabelecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) para redução de acidentes em 50% até 2020, da qual nosso País é signatário.
De Campinas, com texto de Gil Caria (Dep. Com. Emdec)