Bolsonaro recria Ministério das Comunicações sob comando do Centrão
Filiado ao PSD, que compõe o Centrão, Fábio Faria foi acusado de corrupção em delações da JBS e Odebrecht.
Publicado 11/06/2020 00:47 | Editado 11/06/2020 12:19

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira (10) a recriação do Ministério das Comunicações e nomeou o deputado Fábio Faria (PSD-RN) como ministro. O secretário-executivo da pasta será Fábio Wajngarten, atual secretário de Comunicação Social do governo.
O presidente negou ter negociado a indicação de Fábio Faria com o Centrão, afirmando que não se lembra qual o partido do deputado. “Vamos ter alguém que não é um profissional do setor, mas tem conhecimento até pela vida que tem junto à família do Silvio Santos”, acrescentou o presidente. “É uma pessoa que sabe se relacionar e vai dar conta do recado”, completou.
Segundo a Secretaria-Geral da Presidência, a recriação do ministério não representará aumento de despesa, uma vez que o novo ministério utilizará “apenas cargos de estruturas já existentes”, além da Secretaria Especial de Comunicação Social ser extinta.
A pasta da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações foi desmembrada em duas: Ministério das Comunicações e Ministério da Ciência e Tecnologia, chefiado por Marcos Pontes.
Duas delações premiadas
Conforme o site de Fábio Faria, ele é formado em administração de empresas, pela Universidade Potiguar (UnP). O deputado é genro do empresário e apresentador Silvio Santos.
Fabio Faria e o pai, Robinson Faria, foram delatados por Ricardo Saud, da JBS, por terem recebido R$ 10 milhões para que privatizassem a Companhia de Água e Esgoto do Rio Grande do Norte e favorecessem a empresa na disputa.
Um inquérito chegou a ser aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a Procuradoria Geral da República (PGR) entendeu que não houve contrapartida e que não havia provas suficientes contra Fabio Faria. O processo relativo a Robinson Faria foi encaminhado para o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE/RN).
Fábio Faria também foi delatado por ex-executivos da Odebrecht por suposto recebimento de caixa 2, mas o inquérito foi arquivado porque a PGR entendeu não haver provas suficientes.
Faria monitora, para Bolsonaro, redes sociais para ver quem é fiel ou não ao bolsonarismo. Desde o ano passado, trabalhou para aproximar o sogro Silvio Santos de Bolsonaro, onde o presidente obteve um apoio junto à mídia tradicional. Faria ajudou na participação do presidente em programas do SBT, por exemplo.
Promessas eleitoreiras
Na campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro disse que, se eleito, o governo teria “no máximo” 15 ministérios. Quando tomou posse, em 1º de janeiro de 2019, o presidente deu posse a 22 ministros, aumentando agora para 23.
Nesta quarta, o presidente declarou: “Algumas coisas nós exageramos, né, até era a questão dos ministérios. Num país continental como esse, a gente queria 15 ministérios, montamos um número, depois chegou a 22.”
Na semana passada, Bolsonaro afirmou que também “existe a possibilidade” de ele recriar o Ministério da Segurança Pública, extinto no início do governo. Mais cedo, nesta quarta-feira, porém, o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, afirmou que, para ele, não é o momento de a pasta ser recriada.
Fábio Faria está no quarto mandato de deputado federal e é filiado ao PSD, partido que integra o Centrão. Bolsonaro se aproxima do grupo de deputados fisiologistas em troca de apoio, praticando o “toma lá, dá cá” que criticou na eleição.
Outra promessa que escorre pelos dedos de Bolsonaro foi a de formar um “ministério técnico”, livre de indicações políticas, que ele sempre criticou taxando de “velha política”.
Com informações de agências
O presidente disse q teria no máximo 15 ministérios. Mentindo iniciou mandato c 22 ministérios e agora essa semana para atender mais o centrão e interesses de empresarios da comunicação, aumentou p 23.