Bolsonaro recria Ministério das Comunicações sob comando do Centrão

Filiado ao PSD, que compõe o Centrão, Fábio Faria foi acusado de corrupção em delações da JBS e Odebrecht.

Bolsonaro, Faria e Silvio Santos em encontro descontraído

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quarta-feira (10) a recriação do Ministério das Comunicações e nomeou o deputado Fábio Faria (PSD-RN) como ministro. O secretário-executivo da pasta será Fábio Wajngarten, atual secretário de Comunicação Social do governo.

O presidente negou ter negociado a indicação de Fábio Faria com o Centrão, afirmando que não se lembra qual o partido do deputado. “Vamos ter alguém que não é um profissional do setor, mas tem conhecimento até pela vida que tem junto à família do Silvio Santos”, acrescentou o presidente. “É uma pessoa que sabe se relacionar e vai dar conta do recado”, completou.

Segundo a Secretaria-Geral da Presidência, a recriação do ministério não representará aumento de despesa, uma vez que o novo ministério utilizará “apenas cargos de estruturas já existentes”, além da Secretaria Especial de Comunicação Social ser extinta.

A pasta da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações foi desmembrada em duas: Ministério das Comunicações e Ministério da Ciência e Tecnologia, chefiado por Marcos Pontes.

Duas delações premiadas

Conforme o site de Fábio Faria, ele é formado em administração de empresas, pela Universidade Potiguar (UnP). O deputado é genro do empresário e apresentador Silvio Santos.

Fabio Faria e o pai, Robinson Faria, foram delatados por Ricardo Saud, da JBS, por terem recebido R$ 10 milhões para que privatizassem a Companhia de Água e Esgoto do Rio Grande do Norte e favorecessem a empresa na disputa.

Um inquérito chegou a ser aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), mas a Procuradoria Geral da República (PGR) entendeu que não houve contrapartida e que não havia provas suficientes contra Fabio Faria. O processo relativo a Robinson Faria foi encaminhado para o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE/RN).

Fábio Faria também foi delatado por ex-executivos da Odebrecht por suposto recebimento de caixa 2, mas o inquérito foi arquivado porque a PGR entendeu não haver provas suficientes.

Faria monitora, para Bolsonaro, redes sociais para ver quem é fiel ou não ao bolsonarismo. Desde o ano passado, trabalhou para aproximar o sogro Silvio Santos de Bolsonaro, onde o presidente obteve um apoio junto à mídia tradicional. Faria ajudou na participação do presidente em programas do SBT, por exemplo.

Promessas eleitoreiras

Na campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro disse que, se eleito, o governo teria “no máximo” 15 ministérios. Quando tomou posse, em 1º de janeiro de 2019, o presidente deu posse a 22 ministros, aumentando agora para 23.

Nesta quarta, o presidente declarou: “Algumas coisas nós exageramos, né, até era a questão dos ministérios. Num país continental como esse, a gente queria 15 ministérios, montamos um número, depois chegou a 22.”

Na semana passada, Bolsonaro afirmou que também “existe a possibilidade” de ele recriar o Ministério da Segurança Pública, extinto no início do governo. Mais cedo, nesta quarta-feira, porém, o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, afirmou que, para ele, não é o momento de a pasta ser recriada.

Fábio Faria está no quarto mandato de deputado federal e é filiado ao PSD, partido que integra o Centrão. Bolsonaro se aproxima do grupo de deputados fisiologistas em troca de apoio, praticando o “toma lá, dá cá” que criticou na eleição.

Outra promessa que escorre pelos dedos de Bolsonaro foi a de formar um “ministério técnico”, livre de indicações políticas, que ele sempre criticou taxando de “velha política”.

Com informações de agências

Um comentario para "Bolsonaro recria Ministério das Comunicações sob comando do Centrão"

  1. Riler disse:

    O presidente disse q teria no máximo 15 ministérios. Mentindo iniciou mandato c 22 ministérios e agora essa semana para atender mais o centrão e interesses de empresarios da comunicação, aumentou p 23.

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