Lula pede a apoiadores que não aceitem provocação

Em ato da Frente Vamos Juntos pelo Brasil, em Brasília, Lula afirma que Bolsonaro está tentando fazer das eleições uma guerra.

Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu tolerância em discurso durante o ato político realizado nesta terça-feira (12) pela Frente Vamos Juntos pelo Brasil ao qual compareceu com o pré-candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin. No ato, que aconteceu no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, Lula, Alckmin e lideranças dos partidos que integram a frente (PCdoB, PT, PV, PSol, Rede e Solidariedade) e de movimentos sociais e sindicais prestaram uma homenagem a Marcelo Arruda, dirigente do PT assassinado por um Bolsonarista, e defenderam a democracia e as eleições.

“Não tem nenhuma história, nem um sinal de violência nas campanhas que eu participei”, afirmou Lula, relembrando que respeitou o resultado de todas as eleições às quais concorreu, como em 1989, quando a TV Globo fez uma edição que favoreceu o adversário dele, Fernando Collor de Mello, que se saiu vitorioso nas urnas. Lula lembrou ainda que o próprio presidente Bolsonaro, que hoje põe em dúvida a credibilidade da urna de votação, sempre foi eleito pelo voto eletrônico. Segundo ele, Bolsonaro quer fazer das eleições uma guerra.

O ex-presidente mencionou episódio ocorrido em Uberlândia e chamou de facínora o responsável pelo drone que jogou veneno nos apoiadores dele, que foi preso depois. Também recordou a bomba que seria jogada na Cinelândia, durante o ato pró-chapa Lula e Alckmin e, por fim, o ato mais grave, ocorrido nesta segunda-feira, quando um bolsonarista invadiu e matou um dirigente do PT em Foz do Iguaçu (PR).

Em referência às declarações de Bolsonaro de solidariedade à família da vítima, Lula disse que o atual presidente precisaria visitar a família de todas as pessoas que morreram na pandemia. Negacionista, Bolsonaro não prestou condolências a qualquer familiar das vítimas da Covid-19. Segundo Lula, Bolsonaro “só pensa em si próprio” e “não tem compaixão”: “Esse homem se afastou do planeta Terra. Ele está orbitando um planeta em que a humanidade não existe”, declarou o ex-presidente, que também criticou a decisão de Bolsonaro de manter em sigilo as investigações contra ele.

Foto: Ricardo Stuckert

“Vamos pegar esse país em uma situação muito pior do que peguei quando recebi ele do Fernando Henrique Cardoso”, considerou Lula, segundo o qual, quando assumiu a Presidência naquela época, considerava-se satisfeito se todos os brasileiros pudessem comer três vezes no dia. Mas enfatizou que, agora mais maduro, quer que as pessoas também ingressem nas universidades, possam ir ao cinema e viajar de avião. Ele lembrou que, há 70 anos, a mãe, D. Lindu, colocou todos os filhos em um pau de arara para irem para São Paulo e não passarem fome e disse que as pessoas querem ser de classe média e não serem pobres, querem poder ir ao teatro, ter um computador, um celular moderno, uma boa televisão.

De acordo com o ex-presidente, ele nunca deixou de cumprimentar um adversário e lembrou que sempre atuou de forma apaziguadora nas greves dos anos 1980, quando a polícia reprimia os trabalhadores. Lula citou o exemplo de Mahatma Gandhi que fez uma caminhada pela independência da Índia. “Nossa arma é a nossa tranquilidade, é o amor que tem dentro de nós”, afirmou, acrescentando que não quer que os apoiadores aceitem provocação.

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