Lula defende recuperar poder de compra do salário mínimo

Sob Bolsonaro, valor despencou e já é menor do que o preço da cesta básica em São Paulo

Foto: Ricardo Stuckert

Garantir que o salário mínimo seja reajustado com ganho real acima da inflação para a classe trabalhadora é um do pontos centrais das propostas que têm sido defendidas pela da chapa Lula/Alckmin à presidência da República. O compromisso com essa bandeira foi reafirmado pelo ex-presidente nesta quarta-feira (27). 

“É importante que o Brasil saiba que nós conseguimos uma proeza extraordinária: nós aumentamos o salário mínimo em 74% no meu governo e não houve aumento da inflação. E nós vamos continuar do mesmo jeito, a inflação será reposta no salário mínimo, todo trabalhador vai ter direito à reposição inflacionária e todo trabalhador vai ter aumento em relação ao PIB”, explicou o ex-presidente em entrevista ao UOL. 

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Lula acrescentou ainda que “se o PIB cresce e a gente não distribui, só alguns vão ficar mais ricos e o povo vai continuar ficando pobre. Então, nós temos que saber que muita gente recebe o salário mínimo que vai ter aumento em relação ao PIB”, declarou. 

As diretrizes do programa da coligação de Lula e Alckmin apontam a retomada da “política de valorização do salário mínimo visando à recuperação do poder de compra de trabalhadores, trabalhadoras, e dos beneficiários e beneficiárias de políticas previdenciárias e assistenciais, essencial para dinamizar a economia, em especial dos pequenos municípios”. 

Desvalorização galopante

Durante os governos Lula e Dilma, a política de valorização do salário mínimo assegurou correção que levava em conta, além da inflação, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) dos dois anos anteriores. A partir de 2019, com Bolsonaro na presidência, o reajuste passou a considerar apenas a taxa anual do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), o que resultou em forte achatamento dos ganhos de trabalhadores, aposentados e pensionistas. 

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Com a política de Bolsonaro, o salário mínimo atingiu, até agora, o menor poder de compra desde o Plano Real, acumulando queda de 1,7%, de acordo com cálculos da consultoria financeira Tullet Prebon Brasil. Descontada a inflação prevista para o final do ano, o valor cairá de R$ 1.213,84 em dezembro de 2018 para R$ 1.193,37 em dezembro de 2022. 

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o valor do salário mínimo deveria ser de R$ 6.754,33, cálculo que leva em conta o valor da cesta básica. Em junho, na cidade de São Paulo, o valor da cesta básica aumentou 1,36% em relação a abril, passando a custar R$ 1.226 e superou o salário mínimo.