Inflação segue castigando população, sobretudo os mais pobres

IPCA-15 apontou aumento de 22,27% no valor do leite; enquanto isso, Auxílio Brasil chegará defasado aos beneficiários

Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

A escalada de preços não dá trégua aos brasileiros, atingindo itens de primeira necessidade das famílias. O leite longa vida, por exemplo, registrou aumento de 22,27% segundo o mais recente Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), do IBGE, que mediu os preços nas duas primeiras semanas de julho e das duas últimas de junho. Em todo o ano, o item já subiu 57,42%

Neste período, as maiores elevações ficaram no segmento de alimentação e bebida, que passaram de 0,25% para 1,16%. O leite foi o que mais contribuiu para o aumento do indicador nesse grupo.

As frutas também sofreram elevação, acumulando 4,03% em média. Da mesma forma, o feijão-carioca e o pão francês tiveram variações de 4,25% e 1,47% respectivamente. A alimentação em domicílio encareceu 1,12% e a feita fora de casa, subiu mais: 1,27%. Até agora, o indicador IPCA-15 acumulou um crescimento de 5,79%, terceiro maior para um mês de julho desde 2000.

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Carrinhos mais vazios

O resultado do impacto da inflação no cotidiano dos brasileiros é que sete em cada dez precisaram diminuir a lista de compras, conforme pesquisa encomendada pelo C6 Bank ao Ipec. Deixaram de figurar nos carrinhos produtos como leite (37%) e óleo de soja (18%), além da carne, cujo consumo foi reduzido em 72% para a de primeira e 28% para a de segunda.

Esse quadro adverso, claro, impacta sobretudo a população mais pobre. O peso da inflação para este estrato tem relação direta com o aumento dos alimentos, itens de primeira necessidade e que acabam sendo a prioridade para quem tem pouco. 

Em junho, por exemplo, o IPC-C1 — Índice de Preços ao Consumidor relativo às famílias de renda entre um e 2,5 salários mínimos, o que representa as classes D e E — teve aumento de 0,76% em junho, portanto, maior que os 0,67% registrado no mês pelo indicador mais amplo, o IPC-DI, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas. 

Ao mesmo tempo em que a inflação vai subindo, vai sendo corroído o poder de compra da população. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o rendimento médio da população caiu de R$ 2.823 no início de 2019 para R$ 2.613 no trimestre de março a maio de 2022 e mesmo antes da pandemia, a queda já vinha sendo registrada. 

Neste cenário de adversidades, mais um problema vai para a conta dos mais pobres. Quando chegar às mãos das famílias, o Auxílio Brasil de R$ 600 já estará defasado. Para que pudesse ter o mesmo poder de compra de 2020, quando foi instituído pela primeira, o benefício hoje teria de ser de ao menos R$ 732. 

Em 2020, com R$ 200, era possível adquirir arroz, feijão, carne, leite, ovos, queijo mozarela, macarrão, bolacha e alguns legumes. Para comprar esses mesmos produtos hoje, seriam necessários R$ 300.

(PL) 

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