Lula criticou, em debate, irresponsabilidade de Bolsonaro com vacinação

Ex-presidente criticou a insensibilidade do governo Bolsonaro em relação às mais de 680 mil vítimas da pandemia do novo coronavírus

Foto: Ricardo Stuckert

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a péssima gestão que o governo Bolsonaro fez durante a pandemia do novo coronavírus, que matou mais de 680 mil brasileiros. “O que explica um presidente brincar com uma doença que matou 682 mil pessoas? Ele não foi capaz de derramar uma única lágrima por uma das pessoas que morreram”, criticou, durante debate na noite deste domingo (28).

Lula também lembrou a responsabilidade de seus governos com a saúde e mencionou especificamente a eficiência na vacinação contra a H1N1. Em um período de três meses, 83 milhões de pessoas foram vacinadas. “Se as pessoas não são vacinadas, é irresponsabilidade de quem comanda. Na verdade, nós temos condições e o Brasil é lembrado no mundo inteiro como um país de muita competência em vacinação”, contou.

Para além da insensibilidade com os sofrimentos das vítimas da covid, Lula questionou a imposição de sigilo de 100 anos para evitar que população tenha acesso ao que de fato ocorreu. “O que que se explica o sigilo de 100 anos para o ministro da Saúde que agiu de forma totalmente irresponsável no trato do Covid?”, questionou.

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Simone Tebet (MDB), que participou da CPI da Covid, confirmou as afirmações de Lula atacando Bolsonaro por negar vacinação na hora certa. “Eu quero sim confirmar, eu vi: Houve corrupção, tentativa de comprar vacinas superfaturadas. Os documentos estão aí. Covaxin é o contrato mais escabroso que eu vi”, disse a candidata. Bolsonaro apenas negou o caso e exigiu as provas, como faz com tudo que diz.

Sigilo, orçamento e transparência

O ex-presidente lembrou que em vez de esconder o que aconteceu em suas gestões, os governos petistas facilitavam a investigação, fortaleceram a Polícia Federal, com melhoria de salários e contratação de pessoas. Em vez de ter procurador que engavetava processos, fez política de transparência total.

“O Portal da Transparência, você lembra? A Lei do Acesso à Informação, tudo isso são coisas que o PT criou. Até o papel higiênico que se usava no Palácio as pessoas poderiam acompanhar. Hoje, qualquer coisinha é um sigilo de 100 anos. Sigilo de 100 anos para o cartão corporativo”, afirmou. Lula ainda aproveitou um direito de resposta contra agressões baixas de Bolsonaro para dizer que, se ganhar as eleições “em um decreto só, eu vou apagar todos os seus sigilos”.

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Para se defender, Bolsonaro apenas confirmou os motivos do sigilo de 100 anos, como se fossem menos importantes para um homem público. Segundo ele, os sigilos são para seu cartão de vacina e quem o visita na residência presidencial. Em abril deste ano, no entanto, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) impôs sigilo após uma solicitação do jornal O Globo, por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), sobre a relação das entradas e saídas do Palácio do Planalto, dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que acabaram acusaados de fazer lobby e cobrar propina para intermediar a liberação de recursos no Ministério da Educação. 

Outro caso de sigilo abarca o processo interno do Exército contra o general e ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pela participação em uma “motociata” ao lado do presidente, em maio de 2021. O regulamento disciplinar do Exército proíbe a participação de militares da ativa em atos políticos.  O governo impôs sigilo de cem anos sobre informações dos crachás de acesso ao Palácio do Planalto emitidos em nome dos filhos do presidente Jair Bolsonaro (PL), Carlos Bolsonaro (Republicanos) e Eduardo Bolsonaro (PL).

O orçamento secreto é um dos nomes atribuídos às emendas do relator, que estão sendo usadas e abusadas desde 2020. Essa emenda é definida em negociações informais e sem critério definido para quem e para onde o dinheiro será destinado. Ganham prioridade na fila, por exemplo, políticos aliados de integrantes do governo federal. Reportagem do jornal O Globo apontou que o PL de Jair Bolsonaro foi o partido com maior volume de indicações dessas emendas neste ano.

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Mesmo após ordem do STF (Supremo Tribunal Federal) para serem divulgados os nomes dos responsáveis pelas emendas, eles continuam sem transparência. Neste mês, Bolsonaro sancionou com ao menos 36 vetos a LDO de 2023. Entre as questões mantidas pelo presidente na lei, estão presentes os pagamentos das emendas.