Alexandre de Moraes barra investigações contra institutos de pesquisa 

Para presidente do TSE, apurações “parecem demonstrar a intenção de satisfazer a vontade eleitoral manifestada pelo chefe do Executivo e candidato a reeleição”

Foto: Rosinei Coutinho/STF

O presidente Jair Bolsonaro (PL) amargou uma derrota na sua cruzada anti-pesquisa nesta quinta-feira (13), com a decisão do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, de suspender as investigações da Polícia Federal (PF) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre os institutos de pesquisa. 

A investigação da PF partiu de pedido de apuração feito pelo ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres. A campanha do atual mandatário havia encaminhado ao ministro um ofício tratando da divergência entre as intenções colhidas pelos levantamentos e o resultado obtido no primeiro turno. 

Ao mesmo tempo, o Cade também iniciou apuração a respeito. O presidente da autarquia, Alexandre Cordeiro Macedo, argumentou que teria havido “comportamento coordenado” do Datafolha, Ipec e Ipespe. Bolsonaristas e o próprio presidente têm buscado tumultuar o processo eleitoral ora com questionamentos à lisura das urnas ainda antes do primeiro turno, ora lançando dúvidas sobre os institutos. 

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Na decisão, Moraes afirmou que apurações deste tipo não caberiam a esses órgãos e sim à Justiça Eleitoral. O ministro apontou que as investigações “parecem demonstrar a intenção de satisfazer a vontade eleitoral manifestada pelo chefe do Executivo e candidato a reeleição” e que tais medidas poderiam caracterizar “desvio de finalidade e abuso de poder por parte de seus subscritores”.

Além disso, Alexandre de Moraes destacou que as apurações da PF e do Cade “são baseadas, unicamente, em presunções relacionadas à desconformidade dos resultados das urnas”, sem que tenham sido mostrados “indicativos mínimos” de “práticas de procedimentos ilícitos”.

Logo após o primeiro turno, diante da diferença entre as intenções de voto e o resultado, as diretoras do Datafolha, Luciana Chong, e do Ipec, Marcia Cavallari, declararam que as pesquisas são fotografias do momento e que não têm a pretensão de prever o que será apurado ao final. Além disso, elas apontaram que tais diferenças resultaram de opções de última hora, que podem incluir o chamado “voto útil”.