Destruição de programa de vacinação e falta de informação preocupam GT

GT da Saúde demonstra preocupação com os riscos deixados pelo atual governo.

GT da saúde. Foto: Magno Romero

Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (25), na sede do CCBB, parte do Grupo de Trabalho da Saúde do Gabinete de Transição, composto por três ex-ministros da Saúde, Arthur Chioro, senador Humberto Costa e José Gomes Temporão, apresentou a primeira parte do diagnóstico da área.

As principais preocupações são a falta de informações e a destruição do programa de vacinação pelo governo Bolsonaro, além do avanço da Covid-19, não descartada a possibilidade de que uma nova onda da doença atinja o país.

Segundo Arthur Chioro, as informações recebidas do Ministério da Saúde têm alto grau de imprecisão. Até agora a pasta não conseguiu informar o prazo de validade das vacinas em estoque.

O governo Bolsonaro deixou o Sistema Único de Saúde (SUS) com “indícios de insustentabilidade” e sequer tem dados básicos, por exemplo, sobre a cobertura vacinal contra Covid-19. O alerta está no relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) entregue à equipe de transição.

Aumento nos casos de Covid

Senador Humberto Costa disse acreditar que o país está no início de uma nova onda de Covid no país.

Os ex-ministros afirmaram que há uma queda drástica na cobertura vacinal da população e um aumento significativo no número de casos de Covid-19, o que pode significar o início de uma nova onda da doença no país.

São 35 milhões de casos de Covid-19 conhecidos até hoje, mas o número de infectados pode ser bem maior, pois muitas pessoas fazem os testes nas farmácias, sem notificações ao Ministério da Saúde. Foram registradas 102 mortes nas últimas horas.

“Não é possível esperar até janeiro para que medidas sejam tomadas. Elas precisam ser tomadas imediatamente”, disse Arthur Chioro. Ele alertou ainda que a falta de informações pode afetar o planejamento das políticas de saúde.

Segundo o senador Humberto Costa (PT), o Ministério da Saúde não tem planejamento para vacinação em 2023. “A vacinação está muito aquém do que seria desejado para todas as faixas etárias”, afirmou, principalmente de crianças nas faixas etárias de 6 meses a 11 anos.

Ex-ministro Arthur Chioro

Humberto Costa diz que são estimadas 6 milhões de crianças nessa faixa etária, mas só foram distribuídas 1 milhão de doses, apenas para crianças com comorbidades. E, pior, o DataSus não tem registro de como está essa vacinação.

Para a faixa etária de 3 a 4 anos, o GT não recebeu informações de como estão os estoques. “Mas já informaram que várias vacinas estão ou já venceram ou estão por vencer”, afirmou.

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Internações

Ao contrário do que aponta o governo Bolsonaro, foram 829 casos de internações notificados de crianças, 9% do total de casos. Em média, morre uma criança menor de cinco anos a cada dois dias, que poderiam sobreviver se estivessem vacinadas, alertou Humberto Costa. Esses dados foram levantados pelo grupo Observa Infância e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

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