Usuários criticam Meta por suprimir conteúdos pró-Palestina

Milhares de apoiadores palestinos denunciam censura seletiva e remoção de conteúdo pelas redes sociais Facebook e Instagram

Logotipo da Meta, dona do Facebook, Messenger, Instagram, Whatsapp, Oculus e Threads | Foto: Shutterstock

A Meta, empresa-mãe do Facebook e do Instagram, está no centro de uma polêmica após milhares de apoiadores palestinos alegarem que suas mensagens de apoio aos civis palestinos foram suprimidas ou removidas das redes sociais, mesmo não violando as regras das plataformas. A controvérsia gera um debate sobre a liberdade de expressão online e o poder das empresas de mídia social em regular o conteúdo.

Segundo publicação da Folha de S. Paulo, a Meta disse que determinadas postagens foram ocultadas da visualização devido a um suposto “bug acidental” em seus sistemas. Aparentemente, esse “bug” afeta apenas as mensagens de apoio aos civis palestinos, muitos dos quais foram deslocados, feridos ou mortos por ataques israelenses, segundo os usuários.

Leia também: EUA vetam resolução brasileira que previa ajuda humanitária para Gaza

Além disso, algumas pessoas também disseram que o Facebook cancelou contas que convocavam protestos pacíficos em cidades dos Estados Unidos.

A engenheira de inteligência artificial, Aya Omar, informou ao jornal The New York Times que não conseguia visualizar contas da mídia palestina que costumava acessar, pois o Instagram a bloqueava. Ela ressaltou que as pessoas estavam sendo apresentadas a uma versão “higienizada” dos acontecimentos em Gaza.

Já o Hampton Institute, um think tank (também conhecido como “reservatórios de ideias”, organizações responsáveis por gerar pesquisas e análises sobre políticas públicas, questões sociais e econômicas), também expressou preocupação sobre a situação, alegando que o Instagram e o Facebook estão bloqueando publicações sobre a história factual de Israel/Palestina, disfarçado as publicações como “dificuldades técnicas”.

Leia também: O Horror, seus pressupostos e a bandeira da paz

“O Instagram e o Facebook estão bloqueando ativamente postagens sobre a história factual de Israel/Palestina, às vezes disfarçando-a como ‘dificuldade técnica'”, disse o Hampton Institute em postagem no X (antigo Twitter) neste domingo (15).

A Meta, por sua vez, alegou que as mensagens foram temporariamente suspensas devido a medidas de segurança para lidar com um grande número de relatos de conteúdo gráfico e de potencial incitação à violência. A empresa admitiu que, em alguns casos, houve dificuldades técnicas que afetaram a visibilidade das postagens.

Leia também: Para atenuar críticas a Netanyahu, Trump promete expulsar muçulmanos, se eleito

“Identificamos um bug que afetava todas as histórias que compartilhavam novamente postagens de Momentos e Feed, o que significa que elas não apareciam corretamente na bandeja de histórias das pessoas, levando a um alcance significativamente reduzido. Esse bug afetou contas igualmente em todo o mundo e não teve nada a ver com o assunto do conteúdo – e nós o corrigimos o mais rápido possível.” disse Andy Stone, porta-voz da Meta, em uma postagem no X, também no domingo. A mesma mensagem consta no blog da empresa.

Em publicação feita nesta quarta-feira (18) no site oficial, a Meta diz que “identificou e corrigiu” esses bugs. Mas, além disso, a mensagem diz que “após o ataque terrorista do Hamas contra Israel na semana passada e a resposta de Israel em Gaza” as equipes “introduziram uma série de medidas para fazer face ao aumento da difusão de conteúdos nocivos e potencialmente prejudiciais” nas plataformas e que “conteúdos que contenham elogios ao Hamas, que é designado pela Meta como Organização Perigosa , ou conteúdos violentos e explícitos, não são permitidos”. 

Leia também: Conflito em Gaza já matou duas vezes mais palestinos do que israelenses

A polêmica levou à criação da hashtag #Zionistigram, associada as postagens críticas à supressão de conteúdo pró-palestino. No entanto, a hashtag parece ter sido temporariamente extinguida, levantando mais questões sobre a moderação de conteúdo da Meta.

Muitos apoiadores palestinos migraram para outras plataformas para divulgar suas mensagens e criticaram a moderação de conteúdo da Meta. O LinkedIn, por exemplo, testemunhou um aumento no número de postagens críticas à resposta de Israel ao Hamas e em apoio às vítimas civis na Faixa de Gaza.

A gigante das redes reiterou que suas políticas de conteúdo são aplicadas de maneira igualitária, dando voz a todos, independentemente de suas opiniões.

Leia também: Profissionais de saúde apelam à ONU pelo cessar fogo no Oriente Médio

“Queremos reiterar que nossas políticas são projetadas para dar voz a todos, ao mesmo tempo em que mantemos as pessoas seguras em nossos aplicativos”, disse a empresa. “Aplicamos essas políticas independentemente de quem está postando ou de suas crenças pessoais, e nunca é nossa intenção suprimir uma comunidade ou ponto de vista específico.”

No entanto, constatou-se que, dada a elevada quantidade de conteúdo denunciado, podem ocorrer remoções de conteúdo equivocado que não violem as suas políticas, especialmente em tempos de crise global. “Dados os maiores volumes de conteúdo que nos são denunciados, sabemos que o conteúdo que não viola as nossas políticas pode ser removido por engano”, disse a empresa.

__
com informações de agências e da Meta

Autor