Protestos pressionam governos árabes a agir em defesa da Palestina 

No momento em que nações muçulmanas importantes normalizavam relações com Israel, deflagra-se esta insurgência que exige posicionamento de governos árabes

Manifestantes queimam uma efígie do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em Istambul

Protestos se espalham como pólvora no Oriente Médio à medida que aumenta a pressão para agir. Os líderes árabes na região estão cada vez mais pressionados a agir contra os ataques implacáveis de Israel a Gaza, mas estão vinculados por acordos econômicos e de segurança com os Estados Unidos, o principal aliado de Israel.

Ainda não se viu um único embaixador ser enviado para casa de todas as embaixadas israelenses que foram abertas nos estados árabes. Não houve qualquer apelo ao levantamento do cerco a Gaza que está em vigor há 16 anos – o catalisador da violência em massa vista recentemente.

O Egito é acusado de nem sequer controlar a sua própria passagem de fronteira. Nas poucas vezes em que tentou abri-la para a entrada de ajuda, foi bombardeado em pelo menos três ocasiões distintas. Em última análise, o Egito não pode sequer abrir a sua própria fronteira sem a permissão israelense.

Leia também: Com 5.791 mortos, ataques aéreos vão muito além de Gaza

O membro do gabinete político do Hamas, Osama Hamdan, apelou, nesta terça-feira (24), aos países árabes e muçulmanos para “cortarem as suas relações com o estado ocupante e retirarem os seus embaixadores”. Ele acrescentou: “Apelamos aos países árabes e islâmicos e às Nações Unidas para que assumam as suas responsabilidades morais para impedir a agressão [israelense]”.

Reações favoráveis

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, numa chamada telefônica com o seu homólogo russo, Vladimir Putin, criticou o silêncio das nações ocidentais, que, segundo ele, está a agravar a crise humanitária em Gaza.

Erdogan disse a Putin que a “selvageria” em relação aos territórios palestinianos está a aprofundar-se à medida que civis são constantemente mortos, de acordo com um comunicado.

Leia também: Itamaraty emite nota sobre situação em Israel e na Palestina

No sábado, a Turquia realizará um “Grande Comício da Palestina”, ao qual Erdogan deverá participar. Milhares de pessoas no país protestaram contra o bombardeio incessante de Israel nas últimas semanas.

O Emir do Qatar, Xeque Tamim bin Hamad Al Thani, instou a comunidade internacional a não conceder a Israel luz verde incondicional para continuar a cometer atrocidades ilegais contra os palestinos na sua luta contra o Hamas. Ele alertou que a escalada dos combates em Gaza representa uma ameaça para a região e para o mundo.

No seu discurso, o emir também disse que a comunidade internacional estava “agindo como se as crianças palestinas não valessem nada, como se não tivessem rosto e nome”.

Leia também: Árabes e muçulmanos protestam em todo o mundo em defesa da Palestina

O Qatar tornou-se um intermediário fundamental no destino de cerca de 200 reféns detidos pelo Hamas, uma situação considerada ambígua.

Ao abrigo de acordos decorrentes de anteriores cessar-fogo do Hamas com Israel, o Qatar pagou os salários dos funcionários públicos na Faixa de Gaza, forneceu transferências diretas de dinheiro às famílias pobres e ofereceu outros tipos de ajuda humanitária aos palestinos em Gaza.

O Qatar também acolheu o escritório político do Hamas na sua capital, Doha, durante mais de uma década. Entre os funcionários ali baseados está Khaled Mashaal, um membro exilado do Hamas que sobreviveu a uma tentativa de assassinato israelense em 1997 na Jordânia, que ameaçou inviabilizar o acordo de paz daquele país com Israel. Também há Ismail Haniyeh, principal líder do Hamas.

O ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, por outro lado, se manifestou dizendo que os grupos palestinos em Gaza estão a agir por conta própria e sem qualquer orientação de Teerã.

Leia também: Crescem manifestações pró-Palestina nos EUA e na Europa

Com informações da Aljazira

Autor