Oposição propõe indiciamento de Bolsonaro na CPI dos atos golpistas do DF

Além do ex-presidente, o deputado Gabriel Magno (PT) solicitou a inclusão do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres na lista dos indiciados

Sessão tumultuada na CPI da Câmara Legislativa do DF (Foto: Eurico Eduardo/ Agência CLDF)

A oposição trabalha em duas frentes na CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Para alterar o relatório final que isenta Bolsonaro e a cúpula da PM do DF de responsabilidades sobre a invasão e depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes no 8 de janeiro, deputados apresentaram destaques e até um relatório alternativo.

Na conclusão dos trabalhos nesta quarta-feira (29), o distrital Gabriel Magno (PT) já apresentou, por exemplo, um requerimento para que seja inserido outros nomes na lista dos 136 indiciados.

Além do ex-presidente Bolsonaro, o parlamentar solicitou a inclusão do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres.

No documento, o deputado ainda pediu a remoção do nome do general Gonçalves Dias, o G. Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).  

Durante depoimento na CPMI do Senado, o ex-ministro atribuiu à PM a responsabilidade pela invasão dos prédios.

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No caso do Palácio do Planalto, ele disse que o “plano escudo” foi ativado no dia 8 de janeiro, mas que a PM não foi “eficaz” no desempenho de suas funções.

Bolsonaristas reagiram e tentaram impedir o encaminhamento do presidente do colegiado, Chico Vigilante (PT), que estava amparado no regimento da Casa.

“Primeiro a votação do relatório e depois a votação dos destaques. Está tomada a decisão pela presidência da CPI dos Atos Antidemocráticos. Porque a extrema direita se incomodou tanto a ponto de tumultuar a continuidade do relatório?”, questionou Vigilante.

O deputado Fábio Felix (PSOL) disse ter um relatório paralelo pronto para ser apresentado. “O relatório do relator não está à altura do que foi a CPI. Uma comissão que trabalhou durante nove meses, que investigou o que aconteceu no dia 8 de janeiro e a alta cúpula, o andar de cima do bolsonarismo, ficou de fora do relatório”, criticou.

“Infelizmente o relatório nega a realidade, protege a organização criminosa que tentou o golpe de Estado e ainda propõe reajuste salarial para a PM do DF enquanto protege o alto comando da corporação que facilitou o crime”, completou.

Indiciados

No documento de 444 páginas, o relator da CPI, deputado Hermeto (MDB), que é militar da reserva, pede o indiciamento de 136 pessoas envolvidos nos atos golpistas, mas deixou de fora seus colegas de fardas da PM.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), a cúpula da PM do DF foi omissa e deixou de agir para impedir os ataques do 8 de janeiro.

Na lista dos indiciados estão Fernando Souza de Oliveira, que era secretário interino de Segurança Pública do DF no dia dos ataques; Cíntia Queiroz de Castro, coronel da PM e subsecretária de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública (SSP); e Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues, coronel ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional da PMDF. Outros nomes estão ligados aos financiamentos dos atos fascistas.

O relator acusou os indiciados dos seguintes crimes: abolição violenta do Estado democrático de direito; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo à vítima; e deterioração de patrimônio tombado.

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