Casos de violência política saltam 335% no Brasil em três anos
Levantamento da UniRio constatou 214 casos no primeiro trimestre deste ano, contra 47 no mesmo período de 2019
Publicado 13/07/2022 15:01 | Editado 13/07/2022 18:23

Estudo feito pelo Observatório da Violência Política e Eleitoral da UniRio aponta que os casos de violência política saltaram incríveis 335% na comparação entre o primeiro trimestre de 2019 — ano em que Jair Bolsonaro (PL) assumiu a presidência — e o de 2022. Nos três primeiros meses daquele ano, quando o levantamento teve início, foram identificadas 47 ocorrências, contra 214 agora.
O crescimento também ficou registrado quando comparados os dados deste ano com os de 2020, ano de eleição municipal: foram 174 crimes de janeiro a junho daquele ano, alta de 23%.
O levantamento considera crimes como ameaças, homicídios, atentados, homicídios de familiares, sequestros e sequestro de familiares de lideranças políticas.
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As ameaças ficam na dianteira dos ataques a lideranças políticas: de abril a junho de 2022, houve 37 relatos de intimidação, seguidas de 27 agressões 19 homicídios. No caso dos homicídios dessa natureza, o primeiro semestre de 2022 registrou 45, ante 54 no mesmo período do ano passado, redução de 17%.
Dentre os partidos que mais tiveram ataques a seus membros estão, de acordo com dados do segundo trimestre deste ano, o PSD (12), PL (10), PSDB e Republicanos (9), PT (7) e PSol (6).
Reação à violência crescente
A crescente violência política, cujo caso mais recente foi o assassinato do petista Marcelo Arruda, vem preocupando lideranças políticas e de outros setores da sociedade.
Em ato realizado em Brasília na terça-feira (12), Lula salientou: “Nas greves de 1980, quando a polícia estava lá, preparada para sufocar os trabalhadores, eu dizia pros trabalhadores: ‘Olha, nós vamos sair do estádio e vamos para a represa pescar. Eu não quero ninguém brigando, ninguém aceitando provocação’. É isto que nós temos que fazer nestes próximos três meses”.
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Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado federal Renildo Calheiros (PE), “a intolerância política não deve ser banalizada e o que aconteceu em Foz de Iguaçu é absurdo. Quando Bolsonaro incentiva a violência está buscando caminhos para o fascismo. Bolsonaro prega ódio, intolerância e guerra. O Brasil quer cuidado, tolerância e paz”.
Em documento entregue na terça-feira (12) à Procuradoria-Geral da República, no qual relatam casos de violência e pedem providências, os partidos PT, Psol, Rede, PSB, PCdoB, PV e Solidariedade assinalam que a violência política se insere em um contexto “marcado pela intolerância, incentivado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e seus apoiadores. Nesse sentido, não se pode ignorar que o agressor agiu, exclusivamente, por convicções ideológicas — quiçá incentivado por falas que já prenunciaram o objetivo de ‘metralhar a petralhada’ —, até porque sequer conhecia a vítima”.