Entre Rússia e Ucrânia quem mais ataca é a mídia ocidental

A grande mídia do Brasil e do mundo ocidental dá show de horrores na cobertura do conflito entre Rússia e Ucrânia

A cobertura da grande mídia brasileira sobre o conflito Rússia X Ucrânia é um eco do ponto de vista e da retórica estadunidense. Claramente não há jornalismo, mas relações públicas e publicidade sendo feitas.

A ordem é retratar Putin como um monstro e a Ucrânia como um país de gente pacífica que resiste bravamente enquanto é atacada à revelia pelos herdeiros de um suposto comunismo da morte e da autocracia.

Não é novidade para ninguém que Putin é um político atolado até o pescoço em casos de violações de direitos humanos e, se estudassem um pouquinho, saberiam que a Rússia não é socialista. Mas, isso foge da retórica fácil e faria a pessoa estudar para entender o conflito. E isso quase ninguém quer.

Aqui o lacre é instantâneo e a solidariedade é uma bandeirinha virtual, num perfil virtual, num mundo de ações líquidas, perdido na especulação das criptomoedas, da curtida falsa, da arte não palpável dos NFT e da necessidade de falar sobre todos os assuntos que estão em voga, porque isso é marcar território no cemitério digital de nossas vidas.

Mas a guerra é real, as vidas perdidas são reais e as consequências para o mundo todo também. E a grande mídia tem papel importante nisso, por tabelar tudo de forma tão rasa, com ar blasé nas expressões dos âncoras de TV, suposta isenção de robô, mas defesa clara de um lado: ocidental e rico.

E desse clubinho nós estamos fora. Não somos ricos, estamos no sul global e, mesmo que geograficamente estejamos no ocidente, somos latinos. A Austrália e Nova Zelândia que estão no oriente e no sul são ocidentais.

Mas você liga de não ser ocidental? Eu não. Mas mostra como nossa elite é um vira-latas cativo sempre abanando o rabo para um dono abusivo que dá sobras de comida e o chuta todo dia. Acha que faz parte da família, mas não faz.

Claro, isso se espalha também pelo campo dito progressista, de um progressismo de televisão que é essencialmente neoliberal, que ama os “carões” de Bonner, a suposta inteligência burra de Bial e ama um comercial supostamente inclusivo.

Esse tipo de identitarismo de propaganda acredita fácil na retórica dos EUA e Otan de que a Ucrânia não é nazista enquanto imigrantes negros são tratados como lixo e enquanto grupos como o Batalhão Azov, de neonazistas que amam esmagar crânios de comunistas e antifascistas e queimá-los vivos, estão dentro das estruturas militares e de governo ucranianos.

E aí se banham todos em pinkwashing, o que faz torcer para nazistas contra um Putin que de fato é homofóbico, um notário odiador declarado da comunidade LGBTQIA+. E dá preguiça, mas vamos lá explicar mais uma vez: se você viu até aqui uma defesa de Putin, leia novamente até entender. Se não quer entender, aí é com você, não comigo.

E não vão falar sobre o protocolo de Minsk, sobre a expansão territorialista de uma Otan que deveria ter acabado no começo dos anos de 1990 e sobre as tantas guerras que acontecem nesse momento na periferia do mundo. Claro, não irão falar que os EUA e Biden, vice de Obama na época, estão por trás do golpe de 2014 na Ucrânia e consequentemente a ascensão de neonazistas ao poder.

Vão falar apenas do “Hitler” da KGB. Sim, Putin já é comparado a um Hitler por uma mídia que tem dado um show de racismo, com vídeos que mostram comentaristas tristes afirmando o “horror de ver europeus de olhos azuis” como refugiados, ou “a primeira guerra entre nações civilizadas” da vida da pessoa.

O fato é que não há “mocinhos” nessa guerra. Mas escolher o lado do país que mais invadiu e continua invadindo outros países, derrubando governos e assassinando quem é contra suas políticas econômicas e de influências expansionistas já escolheu um lado, mesmo que não saiba. E não estamos falando da Rússia, mas sim dos EUA.

O resto é pano de fundo, pintado com sangue e com muita cifra impressa na parede da hipocrisia ocidental e de quem acha que é ocidental. A civilização do mundo reza todo dia para o deus da barbárie e sempre precisa de uma guerra para dar de mão beijada gente como oferenda em troca de muita grana.

E haja fé!

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