Ideias removem montanhas

Mas há um elemento essencial no campo democrático que não pode ser subestimado, sobretudo pelas correntes de esquerda, como o PCdoB: a luta no terreno das ideias.

Foto: Ricardo Stuckert

Mais do que justificadas são as preocupações expressas por muitas vozes na cena política, em relação às ameaças à ordem democrática perpetradas persistentemente pelo presidente Jair Bolsonaro.

“É preciso vencer por larga margem”, dizem.

“Se possível no primeiro turno”, afirmou ontem próprio ex-presidente Lula.

Corretíssimo. 

Pois o presidente da República e alguns dos seus auxiliares diretos, como o general ministro da defesa Paulo Sérgio Nogueira, têm elevado o tom em suas infundadas suspeitas sobre a lisura do sistema eleitoral eletrônico. 

Isto a cada nova rodada de pesquisas, que têm apontado para uma consolidação da vantagem de Lula nas intenções de voto, inclusive no centro-sul do país, onde o barco de Bolsonaro vai fazendo água.

Melar o processo eleitoral e gerar uma situação caótica propícia a um golpe parece se fortalecer no bolsonarismo como última (e supostamente viável) cartada para evitar a vitória da oposição.

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Os ataques sem fundamento à urna eletrônica ganham status de um novo Plano Cohen (falsa conspiração comunista usada por generais de direita como pretexto para a instauração do Estado Novo).

Isto na medida em que a caneta do presidente, usada sem escrúpulos nem limites para viabilizar medidas demagógicas — como o novo Auxílio Brasil — e a manipulação de base parlamentar conservadora via orçamento secreto, parece ter força limitada.

Mas há um elemento essencial no campo democrático que não pode ser subestimado, sobretudo pelas correntes de esquerda, como o PCdoB: a luta no terreno das ideias.

Nem manifestos, por mais representativos que sejam, não vencem a cultura do ódio.

Debater com o povo acerca das causas das suas agruras, partindo dos fatos concretos imediatos e relacionando-os com a luta pelo governo central, é que permite elevar o nível de consciência da população e acrescentar consistência às intenções de voto.

A cultura militante do “copiou-colou” nas redes sociais e no WhatsApp em quase nada contribui para esclarecer as pessoas. 

Então, nos núcleos de apoio de base à candidatura de Lula o debate é indispensável. Assim como na busca do voto para deputados federal e estadual, governador e senador.

A lenda do velho Yukong que removia montanhas — mencionada por Mao Tse-tung no movimento de libertação que levou à República Popular da China via elevação da consciência política de milhões — vale aqui com muita força. Para ganhar as eleições e mudar o rumo do Brasil é preciso despertar a consciência, a confiança e o afeto de milhões e obter consistente maioria eleitoral.

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