Ordem na casa

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Parlamentares bolsonaristas tiverem sigilo bancário quebrado pela justiça

Os milicianos que se apresentam como apoiadores do presidente da República estão, aos poucos, sendo regulados em suas ações na Capital do País. As principais delas, até o momento, foram adotadas pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e incluem o fechamento da Esplanada dos Ministérios, trecho do Eixo Monumental que abriga os prédios dos ministérios.

Um grupo desses milicianos, expulso dos gramados centrais da avenida no sábado à noite, tentou instalar suas barracas nos jardins da Catedral de Brasília, mas foi impedido pela Cúria Metropolitana da Igreja Católica. Os invasores passaram a fazer ameaças ao bispo auxiliar, Dom Marcony Ferreira. e este pediu providências do governador, que atendeu prontamente, fechando a avenida um pouco antes do templo, que simboliza duas mãos em oração.

A líder dos 30 que formam o grupo 300 do Brasil, Sara Giacomini, que adotou o sobrenome Winter, foi presa na segunda-feira pela Polícia Federal, por ameaça verbal a ministros e ameaça física ao Supremo Tribunal Federal. Seu marido, Renan de Morais, que também participou dos ataques ao Supremo, com fogos de artifício, no sábado à noite, foi preso na quarta-feira, por lançar fogos contra o prédio da Colmeia, o presídio feminino da cidade-satélite do Gama, onde Sara está detida.

Os integrantes do 300 do Brasil e de outros grupos de milicianos não são necessariamente das cidades onde praticam seus atos. Cito um exemplo. No domingo anterior, eu vinha do interior de Goiás pela BR-040 (Brasília-BH) e parei numa lanchonete de beira de estrada. Ali também parou um ônibus bem ajeitado, que seguia no sentido inverso.

Seus passageiros vestiam camisas da seleção brasileira de futebol e carregavam bandeiras e outros aparatos usados em manifestações. Perguntei a um dos passageiros por que estavam na rodovia e ele me disse que o grupo estava indo embora, pra Ribeirão Preto, noroeste de São Paulo. O grupo se deslocou por quase 1.000 km pra fazer agitação na Capital Federal. Quem financia isso é o que o Supremo quer saber.

No último domingo (14jun), os milicianos desalojados da Esplanada foram visitados, na rua, pelo sinistro da Educação, Abraham Weintraub, o que foi considerado até por aliados políticos dele como seu derradeiro cartucho, pois ele já estava envolvido em vários outros inquéritos. Sua situação ficou insustentável. Mas o presidente da República, chefe e protetor dele, tentou segurá-lo ao máximo, com a ajuda da quarentena imposta pelo Coronavírus, mas não deu.

Em verdade, as ações do Governo do DF, do Supremo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e de outros órgãos foram fechando um cerco, chegando bem além dos milicianos. A começar pelos provedores desse movimento, que usa técnicas terroristas de ação e gasta muito dinheiro em suas atividades continuadas e cada vez mais caras, já que agora precisam de mais advogados.

É certo que esses órgãos fazem parte do grande conluio que fez o golpe, derrubou Dilma Rousseff, em 2.016, prendeu Lula e apoiou Bolsonaro no 2º turno das eleições de 2.018. Por isso, talvez, seus atos nesta nova fase são mais lentos do que se poderia esperar, mas só há este caminho, afora o descaminho de um regime ditatorial, autoritário e violento.

O alvo principal está no Palácio do Planalto e chefia o (des)governo federal. O presidente tem se enredado cada vez mais pelo seu discurso sempre agressivo, mas repleto de contradições e mentiras e nas declarações e ações de seus filhos. Na quinta-feira (18jun), por exemplo, a Justiça do Rio de Janeiro conseguiu a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor do então deputado estadual Flávio Borsonaro, que foi pego na mentira. Ele dizia não saber de Queiroz, mas este foi preso na casa de um advogado de Flávio.

Por determinação do Supremo, foi quebrado o sigilo telefônico de oito deputados federais ligados ao presidente. Ou seja, é inevitável — os próximos passos irão bater no presidente da República. E aí, sim, vamos ver a firmeza dos órgãos e autoridades que têm a obrigação de defender a Constituição Federal e, portanto, a democracia.

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