Um passo para a democratização da mídia

É o que ocorre no Brasil dos nossos dias. A mídia converte-se numa espécie de partido político a difundir, em uníssono, o ideário neoliberal e suas variantes. Os brasileiros lêem, ouvem e vêem no vídeo o que interessa ao grande capital rentista e seus aliados. É o que explica as estatísticas freqüentemente divulgadas acerca do volume de matérias noticiosas e analíticas de sentido negativo que predominam largamente a propósito do governo Lula, por exemplo. Os que perderam os pleitos presidenciais em 2002 e 2006 jamais se conformaram com a derrota, nem toleraram a assunção ao mais alto cargo da República do presidente operário. Muito menos que o governo esteja dando certo.

Abra os jornais no início da manhã, ouça algumas emissoras de rádio e veja o noticiário na TV, ou sites de notícias e análises na internet: a pauta é uma só, com ligeiras variações; e a abordagem dos fatos é a mesma. Com caríssimas e heróicas exceções.

Daí porque a oposição reage de maneira tão raivosa diante da aprovação, pelo Senado Federal, na madrugada de ontem, do projeto de lei que cria a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que terão a missão de gerenciar a TV Brasil – canal de televisão público, de caráter não comercial.

Não que a TV Brasil assuma conotação político-partidária ou governista. Não é essa a intenção. Apenas abordará a realidade brasileira como ela é, oferecendo ao telespectador uma informação objetiva e de boa qualidade, em contraponto a lixo e à tergiversação predominantes nos canais privados. Mas isso já se constitui numa grande ameaça ao pensamento único pelo qual velam os parlamentares do PSDB e do DEM.

E o episódio prenuncia o quanto será dura a luta que ora se inicia pela democratização da mídia inserida na agenda das reformas democráticas.