A esquerda bem informada
A esquerda bem informada

Aldo Rebelo

É jornalista. Foi eleito deputado federal pelo PCdoB-SP por seis mandatos consecutivos (1991 a 2015). Membro do PCdoB desde 1977. Em 2004/2005 foi ministro de Relações Institucionais do governo Lula. Presidente da Câmara dos Deputados entre 2005/2007. Ministro do Esporte no primeiro mandato do Governo Dilma, depois ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação e ex-ministro da Defesa.
Soberania tecnológica

A ratificação da compra de 36 aviões de caça Gripen NG, que o governo brasileiro celebrou esta semana na Suécia, dá sequência a uma política de receber a tecnologia junto com a mercadoria. Ao Brasil já não satisfaz comprar equipamentos de alto valor agregado encapsulados numa caixa-preta. No caso dos caças suecos, assim como em outros contratos recentes, todo o processo de produção será assimilado a partir da fabricação de aviões em Gavião Peixoto (SP).

Valores na guerra e na paz

Ao tomar posse no Ministério da Defesa, assumindo a coordenação da Marinha, Exército e Aeronáutica, surpreendi alguns ao fazer referências a valores humanistas em paralelo a aspectos militares. Se de guerras estamos cheios (e justamente por isso não podemos fingir que vivemos em ambiente de paz e desdenhar a Defesa Nacional), em nossos dias se impõe um contraponto com a escassez crescente de valores humanistas.

Na trincheira da Defesa

Nesta semana, deixamos o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação para assumir o da Defesa. Trocamos de função, mas não de missão, que continua a ser a de trabalhar pela grandeza do Brasil e a prosperidade do povo brasileiro. Numa e noutra Pasta, o desafio é um só para um ministro da República: gerir os negócios públicos com empenho e lisura, imprimindo continuidade e avanço nos programas estratégicos de interesse nacional.

A força histórica da moda

A seguir a Bíblia, a fabricação de vestuário foi a primeira indústria do mundo, quando Adão e Eva, percebendo-se nus “coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais” (Gênesis 3:6). 

Exportar com mais valor

A economia brasileira já surgiu sob a ambivalência do extrativismo e da manufatura – com o pau-brasil exportado em toras para extração de corante de tecidos e a inovadora indústria do açúcar, que fez a riqueza da Colônia já na primeira metade do século 21. Desde então, combinamos necessidade e possibilidade de vender recursos naturais em bruto ou agregar valor, como, por exemplo, produzir o corante (e ter mais lucro) em vez de fornecer (a preço baixo) o tronco do pau-de-tinta.

Tecnologia e divisas

Quando Galileu construiu a primeira luneta, em 1609, para observar as montanhas da Lua, o Homem estendeu os olhos a lugares que só a imaginação alcançava. Depois vieram os telescópios poderosos, mas faltava um meio de levá-los ao espaço em missões mais ambiciosas, até que em 1957 a União Soviética assombrou o mundo com o lançamento do Sputnik, o primeiro satélite artificial.

É necessário criar

Os historiadores aceitam que a “escola” de Sagres não foi um estabelecimento de ensino no conceito moderno. Mas, aos olhos do presente, pode-se afirmar que o estaleiro criado no século XV pelo infante dom Henrique em Portugal já surgiu no futuro. De um modo visionário, que somente séculos depois governos e grandes empresas conceberiam, o que funcionou na vila de Sagres foi um instituto de tecnologia e inovação.

A tecnologia assistiva

Das definições de Ciência, a mais humilde e generosa é a de que serve para aliviar o sofrimento humano. A Medicina, principalmente, mas também qualquer outro ramo do Conhecimento, na medida em que as descobertas científicas e invenções tecnológicas atenuam os fardos da Humanidade e proporcionam uma vida amena.

Observatório na floresta

Entre os acordos que assinamos com a Alemanha, durante a visita da chanceler Angela Merkel ao Brasil, está o da Torre Alta da Amazônia. Com 325 metros de altura, é o mais elevado observatório do clima existente no mundo, vinte metros maior que um similar da Sibéria e, para comparação mais visível, um acima da Torre Eiffel de Paris. Sua maior grandeza, porém, está na utilidade. 

O sapo ladino

No seu livro Viagem de um naturalista ao redor do mundo, o cientista Charles Darwin conta como ficou impressionado com um pequeno sapo, de cores esquisitas, que encontrou numa região tórrida do Uruguai, em 1832. Sem água nem comida, o bichinho pulava na areia quente, não “por boniteza mas porém por precisão”, como diria Guimarães Rosa. 

Amazônia conectada

Em 1637, o capitão Pedro Teixeira estendeu um marco geopolítico nas águas do Rio Amazonas, percorrendo em canoa a remo o estirão de Belém a Quito, no atual Equador, para fincar a bandeira de Portugal naquela imensa faixa de terra que, pelo Tratado de Tordesilhas, pertencia à Espanha. Anexou a metade do Brasil de hoje. Mas a Amazônia permaneceu vinculada a Portugal até 1823, quando a província do Grão-Pará aderiu à Independência. Em 1903, o mapa da região foi bordado com a incorporação do Acre.

População é poder

A China, um país com 1 bilhão e 300 milhões de habitantes, está estudando a revisão da política do filho único, e não por ter gente de mais, e sim porque a faixa etária de mais de 60 anos está aumentando e a de jovens em idade de trabalhar, diminuindo. Numa sociedade produtiva, a fatia da força de trabalho deve ser superior à de crianças e idosos inativos – daí a preocupação dos chineses.

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