A crise econômica, encoberta pela crise política e pelo moralismo justiceiro, ficou em segundo plano na percepção dos brasileiros, porque o foco da imprensa foi o escândalo político.
Os brasileiros, em geral, e os trabalhadores, em particular, conviveram na última década com um ambiente de perspectivas e de esperanças – no qual houve ascensão social, oportunidade escolar crescente, redução das desigualdades – e experimentaram a sensação de terem sido cortejados pelo comércio e pelos bancos, graças ao acesso ao emprego e à renda.
O movimento sindical precisa urgentemente elaborar um código de auto regulação com recomendações de boas práticas e respeito aos princípios da moralidade, da ética, da transparência, da participação e da prevalência dos interesses público e dos trabalhadores. Seria uma forma eficaz de responder aos ataques da série de reportagens de O Globo, que optou por desqualificar as organizações de trabalhadores, quando sabemos que nas entidades patronais existem coisas até piores.
A conjuntura em 2015 é francamente desfavorável aos trabalhadores, tanto na esfera legislativa, quanto na área econômica. A correlação de forças no interior do governo é igualmente ruim.
A conjuntura em 2015 é francamente desfavorável aos trabalhadores, tanto na esfera legislativa, quanto na área econômica. A correlação de forças no interior do governo é igualmente ruim.
O movimento sindical precisa urgentemente intensificar seus programas de formação para atrair novos militantes, construir novas lideranças, resgatar a consciência política, reforçar valores cívicos e éticos e, principalmente, dar continuidade à organização e à luta em defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores.
A presidente Dilma Rousseff – após vetar a emenda 45 à MP 664, de autoria do deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB/SP), que instituía fórmula 85/95 como alternativa ao fator previdenciário – baixou a Medida Provisória 676 que garante a implementação da referida fórmula, porém com quatro mudanças restritivas em relação à emenda vetada.
O ambiente político está contaminado por dois fatos políticos: 1) a disputa PMDB versus PT e 2) a guerra de posições entre caciques do PMDB (Michel Temer, Renan Calheiros e Eduardo Cunha) em relação ao governo e à sucessão presidencial.
Com o agravamento da crise econômica e as demissões dela decorrentes, que já começam a se refletir nos índices de desemprego, o governo retomou o debate de alguns temas vinculados às relações de trabalho.
Informações de bastidores dão conta de que o establishment, embora tenha batido e pretenda bater sem piedade na Presidente Dilma, não tem interesse em seu impeachment. Mas tem todo o interesse em inviabilizar política e eleitoralmente a esquerda brasileira, especialmente o PT e o ex-presidente Lula. Só enveredarão por outro caminho, apoiando eventual pedido de impedimento, se houver provas absolutamente contundentes do envolvimento direto da presidente com algo ilegal.
O texto aprovado na Câmara do PL 4330, que trata da terceirização e da pejotização nas relações de trabalho, ampliou o escopo para a utilização dessa modalidade de contratação, desde que os serviços sejam prestados por empresa especializada.
O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), dentro da série Educação Política, acaba de concluir uma nova Cartilha com o sugestivo título “Relações Institucionais e Governamentais: o que é, como e onde se faz”, que será publicada neste mês de março de 2015.