Outro dia, após a exibição de Cidade de Deus em um cineclube de bairro popular, uma pergunta inesperada pegou no contrapé os organizadores do cineclube. A pergunta era simples e direta, e partia de um adolescente visivelmente sensibilizado pelo que assistira:
Ele não vale nada, mente, suborna, envolve a própria família em escândalos, se faz de vítima para atraiçoar todos os que estão em seu caminho e, em meio à derrota humilhante que o varrerá para sempre do poder e o trancafiará nas piores páginas dos compêndios de história, ainda vai proferir com a língua afiada e os olhos esbugalhados de sempre: "Meus reino por um cavalo”. Seu nome é…Ricardo III.
Lançado em 1961 com amplo acolhimento de leitores e críticos, a novela A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água tornou-se uma das obras de Jorge amado mais festejadas, editadas e adaptadas para o cinema e a televisão. Em artigo escrito para o jornal Última Hora, do Rio de Janeiro, em 1959, que passou acompanhar a título de prefácio as seguidas reedições, Vinicius de Moraes considera-a uma obra prima do autor: “Em dois tentos simples, Jorge Amado acaba de escrever o que para mim é o melhor romance e a melhor novela da literatura brasileira: Gabriela, cravo e canela e A morte e a morte de Quincas Berro D’água”.
Fahrenheit 451 (Trad. Cid Knipel. São Paulo, Ed. Globo, 2003), de Ray Bradbury já nasceu clássico. Adaptado para o cinema por François Truffaut, trata de um futuro não muito distante, quando os livros (metáforas do saber), proibidos, serão incendiados junto com seus leitores. Nesse futuro sombrio as televisões ocuparão paredes inteiras das residências e exercerão uma ditadura midiática cujo peso, nestes ano de 2015, conhecemos muito bem.
A instauração da ditadura militar no Brasil, cujo recrudescimento, paulatino até o AI-5, vertiginoso após ele, teve impacto direto, amplo e profundo nos meios intelectuais, que, tendo vivido um período mais alargado de democracia e liberdade de expressão a partir do pós-Segunda Guerra, se viu mergulhado na mais absoluta e truculenta censura desde o golpe do Estado Novo.
O mundo que se apresenta ao poeta Gregório de Matos na segunda metade do século XVII é um mundo em transição, no qual se vão entrelaçar características de um tempo que se afasta, e que não voltará, e de outro, que se instaurará por um longo período da cultura ocidental.
O final o século XIX encontra a cena literária brasileira vazada por diversas formas de fazer artístico que ora se comunicam sem maiores atritos, ora se confrontam acidamente nas páginas dos livros ou da imprensa periódica de época.
A literatura é uma arte, mas é também uma forma de conhecimento do mundo. Não por acaso Freud estudou profundamente a literatura clássica grega para formular suas teorias sobre a psicologia humana e, por essa mesma razão, com frequência historiadores, sociólogos e antropólogos visitam as páginas da ficção para conferir nesse meio suas intuições, derivadas de anos de pesquisa documental, bibliográfica e de campo.
Domingos Mau-Tempo é um giramundo, um sapateiro, um artesão cujo espírito não se ajusta comodamente ao modo de vida do latifúndio alentejano de fins do século 19 e início do 20. Com sua esposa, vagará de lugar em lugar em busca de emprego para sustentar a família e de taberna para sustentar o vício da bebedeira.
A escravidão não é criação da era moderna. A Grécia antiga, inventora da democracia, empregou o trabalho forçado como parte de sua estrutura social e produtiva – estando os escravos, como se sabe, excluídos dos direitos de participação nas decisões públicas.
A propósito da onda de manifestações literárias, das mais variadas dimensões e formas, nas periferias de São Paulo, conversei recentemente com os estudantes de História em sua semana acadêmica
Selecionei alguns trechos do processo que envolveu Flaubert, quando da publicação de seu clássico Madame Bovary. O conjunto do processo faz parte da edição do romance publicado pela Editora Nova Alexandria (São Paulo, 2007.), cuja tradução amplamente reconhecida e elogiada é de Fúlvia Moretto.