Participei na segunda-feira (22) do grande ato sindical unitário do grupo dos trabalhadores da Comissão Nacional da Verdade, coordenado pela Dra. Rosa Cardoso, no Sindicato Nacional dos Aposentados.
Duas questões devem nos preocupar. A primeira delas é a compreensão correta sobre a jornada de luta do dia 11, seu alcance, sua importância, seu significado. A outra é, baseada na primeira, a consequência que devemos dar às nossas ações, que rumo tomar.
As relações históricas entre partidos políticos e sindicatos trabalhistas – refiro-me aos partidos que encarnam as aspirações dos trabalhadores- obedecem, esquematicamente, a dois modelos: o modelo inglês, em que o sindicato cria o partido e o dirige, e o modelo alemão, em que o partido cria o novo sindicato e orienta suas reivindicações.
Não estarei sendo pretensioso ao afirmar que a grande âncora da realidade na conjuntura atual é a jornada do dia 11 de julho. Isso por dois motivos fundamentais.
Na vida política de uma sociedade há sempre uma tensão entre os movimentos e as instituições, assim como há uma contradição entre mercado e urna no capitalismo.
Eram tempos de ditadura que se prolongariam. A vontade dos jovens estudantes de classe média, confortada pela sua situação de “excedentes”, ou seja, tinham passado no vestibular, mas não havia vaga para eles e confrontada pela brutal repressão policial que havia assassinado o jovem Édson Luiz era de se manifestar. E manifestavam quase diariamente nas grandes cidades brasileiras.
Li um artigo em que se lamenta a pouca participação acadêmica – digo, das universidades – na elaboração das alternativas econômicas. As grandes ideias e informações que orientam as iniciativas macro e microeconômicas surgem de grupos informais de economistas atuantes ou até mesmo de profissionais solitários, mas que participam da vida prática, além dos dirigentes e altos funcionários governamentais. Estão longe os tempos dos “economistas da Unicamp” ou dos “economistas da PUC-Rio”.
Semana passada em minha nota destaquei a importância da qualificação dos trabalhadores, com educação formal e o próprio aprendizado no primeiro emprego, para garantir o aumento da produtividade.
Se analisarmos os últimos anos constataremos um aparente paradoxo: os ganhos reais de salários têm crescido mais do que o PIB.
Todos aqueles, como eu, que acompanham a trajetória do movimento sindical e procuram ajudá-lo a exercer o protagonismo social que lhe é próprio, ficam muito orgulhosos quando ele faz alguma coisa criativa, útil e vitoriosa.
A história da luta dos trabalhadores – e a própria história do trabalho humano – é marcada por trágicos episódios que ilustram seu rigor.
Perguntaram-me se o movimento sindical sairá de mãos abanando da reunião com Dilma. A pergunta se referia, é óbvio, à reunião das centrais sindicais com a presidente da República no dia 14, em Brasília.